sexta-feira, 12 de março de 2010

Paulo Freire: pequena biografia

Amigos postei um vídeo muito interessante sobre Paulo Freire, vale apena assistir, poderão fazer o download no endereço abaixo:

http://www.megaupload.com/?d=VXRBELZY

 
Paulo Reglus Neves Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife, Pernambuco, uma das regiões mais pobres do país, onde logo cedo pôde experimentar as dificuldades de sobrevivência das classes populares. Trabalhou inicialmente no SESI (Serviço Social da Indústria) e no Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife. Ele foi quase tudo o que deve ser como educador, de professor de escola a criador de idéias e "métodos".


Sua filosofia educacional expressou-se primeiramente em 1958 na sua tese de concurso para a universidade do Recife, e, mais tarde, como professor de História e Filosofia da Educação daquela Universidade, bem como em suas primeiras experiências de alfabetização como a de Angicos, Rio Grande do Norte, em 1963.


A coragem de pôr em prática um autêntico trabalho de educação que identifica a alfabetização com um processo de conscientização, capacitando o oprimido tanto para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita quanto para a sua libertação fez dele um dos primeiros brasileiros a serem exilados.


Em 1969, trabalhou como professor na Universidade de Harvard, em estreita colaboração com numerosos grupos engajados em novas experiências educacionais tanto em zonas rurais quanto urbanas. Durante os 10 anos seguintes, foi Consultor Especial do Departamento de Educação do Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra (Suíça). Nesse período, deu consultoria educacional junto a vários governos do Terceiro Mundo, principalmente na África. Em 1980, depois de 16 anos de exílio,retornou ao Brasil para "reaprender" seu país. Lecionou na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP).


Em 1989, tornou-se Secretário de Educação no Município de São Paulo, maior cidade do Brasil. Durante seu mandato, fez um grande esforço na implementação de movimentos de alfabetização, de revisão curricular e empenhou-se na recuperação salarial dos professores.


A metodologia por ele desenvolvida foi muito utilizada no Brasil em campanhas de alfabetização e, por isso, ele foi acusado de subverter a ordem instituída, sendo preso após o Golpe Militar de 1964. Depois de 72 dias de reclusão, foi convencido a deixar o país. Exilou-se primeiro no Chile, onde, encontrando um clima social e político favorável ao desenvolvimento de suas teses, desenvolveu, durante 5 anos, trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária (ICIRA). Foi aí que escreveu a sua principal obra: Pedagogia do oprimido.


Em Paulo Freire, conviveram sempre presente senso de humor e a não menos constante indignação contra todo tipo de injustiça. Casou-se, em 1944, com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira, com quem teve cinco filhos. Após a morte de sua primeira esposa, casou-se com Ana Maria Araújo Freire, uma ex-aluna.


Paulo Freire é autor de muitas obras. Entre elas: Educação: prática da liberdade (1967), Pedagogia do oprimido (1968), Cartas à GuinéBissau (1975), Pedagogia da esperança (1992) À sombra desta mangueira (1995).


Foi reconhecido mundialmente pela sua práxis educativa através de numerosas homenagens. Além de ter seu nome adotado por muitas instituições, é cidadão honorário de várias cidades no Brasil e no exterior. À Paulo Freire foi outorgado o título de doutor Honoris Causa por vinte e sete universidades.


Por seus trabalhos na área educacional, recebeu, entre outros, os seguintes prêmios: "Prêmio Rei Balduíno para o Desenvolvimento" (Bélgica, 1980); "Prêmio UNESCO da Educação para a Paz" (1986) e "Prêmio Andres Bello" da Organização dos Estados Americanos, como Educador do Continentes (1992). No dia 10 de abril de 1997, lançou seu último livro, intitulado "Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa". Paulo Freire faleceu no dia 2 de maio de 1997 em São Paulo.


Fonte: Localização (versão impressa): Centro de Referência Paulo Freire (Instituto Paulo Freire)


Localização (versão digital): http://www.paulofreire.org/Crpf/CrpfAcervo000031

quinta-feira, 11 de março de 2010

"É preciso cultivar o respeito no ambiente escolar"

Maria Helena Guimarães: "É preciso cultivar o respeito no ambiente escolar"



Para a educadora e cientista social, normas e rituais melhoram a relação com a comunidade e podem ajudar a recuperar o valor institucional da escola


Rever o projeto pedagógico, buscar novas tecnologias educacionais, valorizar o professor. Tudo isso é fundamental para que a escola pública volte a ser uma instituição valorizada pela sociedade. Porém, para a cientista social Maria Helena Guimarães de Castro, ex-secretária de Educação do Estado de São Paulo e do Distrito Federal, falta acrescentar um item a essa lista: o resgate de normas e rituais capazes de organizar a vida escolar e restabelecer o vínculo da instituição com a comunidade. Aos procedimentos que vão ajudar nessa revitalização da instituição de ensino - e podem, inclusive, influenciar a construção ou a consolidação da identidade da escola -, Maria Helena chama de etiqueta, fazendo uma referência ao conjunto de regras de conduta e de tratamento que é seguido em ocasiões formais e que revelam, sobretudo, o respeito às pessoas envolvidas.


Aos 62 anos, casada, três filhos e quatro netos, Maria Helena hoje presta consultoria para órgãos públicos e instituições privadas, além de atuar como pesquisadora do Núcleo de Políticas Públicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior paulista. Ela falou a NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR sobre como o resgate dessa etiqueta pode favorecer o ambiente de civilidade e contribuir para melhorar os resultados alcançados nas avaliações externas.
Enquanto esteve na Secretaria de Educação de São Paulo, houve um momento em que a senhora afirmou ter percebido que a escola havia perdido a etiqueta? O que isso significa?


MARIA HELENA GUIMARÃES A escola pública passou por um processo gradual de desvalorização perante a sociedade, o que se reflete, inclusive, em situações de agressividade entre professores e alunos. Para recuperar a importância, a escola precisa se apresentar como uma instituição essencial no desenvolvimento de ações para a construção de uma sociedade melhor e mais justa. Nesse sentido, considero crucial resgatar rituais, que nada mais são do que uma sequência de atos simbólicos importantes para marcar a instituição - e é isso que estou chamando de etiqueta. Acredito que é necessário criar e usar normas de convivência que sejam conhecidas e respeitadas por funcionários, alunos e pais. Afinal, a existência de boas leis e de respeito às regras do jogo faz parte da democracia.


É possível citar alguns exemplos de bons rituais escolares?


MARIA HELENA São atitudes aparentemente rotineiras, mas de extrema importância para o ambiente escolar. Algumas delas são realmente bem simples. Por exemplo, quando, no início do ano letivo, o diretor prepara a recepção aos professores, abre as atividades com um discurso e estabelece uma interação com a equipe. Com isso, os docentes começam a sentir a boa integração do grupo e a maneira como o projeto pedagógico é compartilhado e ver que existe mediação entre todos. Também é um resgate do ritual escolar comemorar os momentos de formatura das turmas e organizar cerimônias em homenagem aos professores que se aposentam ou se destacaram em algum projeto. Com isso, não quero dizer que o gestor tem de ser centralizador. Ao contrário, eu insisto no caráter participativo da atuação, que ajuda a criar um bom ambiente de trabalho. Afinal, todas as pesquisas de avaliação no Brasil e no exterior e o próprio Programa Internacional de Avaliação de Alunos - o Pisa - mostram que o clima da escola conta muito na aprendizagem.


E com relação aos alunos, como seriam esses rituais?


MARIA HELENA Organizar também uma recepção para eles no primeiro dia de aula certamente é um bom começo. Hoje, muitas instituições simplesmente abrem as portas e indicam à criança ou ao jovem a sala em que vai estudar. Às vezes, o aluno se apresenta apenas ao professor e só depois de muito tempo ele vai conhecer o diretor, quando cruza com ele eventualmente pelos corredores. Na verdade, os gestores deveriam conhecer todos os alunos e suas famílias, saber seus nomes e incentivar os professores e funcionários a fazer o mesmo.


Em que momento esses rituais se perderam no cotidiano escolar?


MARIA HELENA A escola sofreu um processo de desorganização com a expansão acelerada do ensino, especialmente nos últimos 15 ou 20 anos. As Secretarias de Educação em todo o país foram obrigadas a fazer concursos e ampliar o número de unidades com muita rapidez. Infelizmente, não houve tempo para refletir sobre as características institucionais das escolas, sobre o preparo e a formação que se esperava dos profissionais contratados. Esse quadro provocou uma desordem interna, que foi agravada pela crise de valores - um problema que, aliás, é da sociedade como um todo e não apenas da escola. Houve também a reforma da Previdência, em 1996, que resultou na aposentadoria de milhares de bons docentes, temerosos de perder direitos. Com isso, foram desfeitas equipes que eram unidas, permanentes e vinculadas à comunidade. Temos, agora, de trabalhar para reconstruir esses laços.


Como recuperar essa relação?


MARIA HELENA Além de melhorar os programas pedagógicos e investir em novas tecnologias educacionais, é preciso cultivar o respeito institucional perante a comunidade. No passado, o sistema tradicional atendia uma elite e tinha seus rituais, que garantiam o respeito da sociedade pela instituição escolar. A escola de hoje, que é formatada para receber a todos, também precisa deles.




Como a interação entre a escola e a comunidade se reflete na qualidade da Educação oferecida?


MARIA HELENA A coesão social e a Educação, tema bastante discutido no início dos anos 1990, foi retomado por Robert Putnam, professor da Universidade Harvard, em uma reunião de ministros da Educação de países integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em Dublin, na Irlanda, em 2004. Putnam mostrou pesquisas sobre a relação entre os resultados do Pisa e de outras avaliações externas com graus elevados de coesão social e respeito à escola. É esse ponto que quero destacar ao me referir à etiqueta da escola. Não se trata de uma visão tradicionalista sobre a relação entre alunos e professores. O mesmo tema foi abordado no livro L’École ou la Guerre Civile, do professor universitário Philippe Meirieu e do jornalista Marc Guiraud, publicado em 1997, na França. A obra defende a necessidade de um novo contrato social. Para salvar a escola como instituição, os autores afirmam que é preciso voltar à questão dos valores e das regras a ser respeitadas, além de retomar a identidade do professor - que foi ameaçada, causando a perda da convicção sobre a importância desse profissional.


Esse resgate ajudaria a melhorar a indisciplina nas escolas?


MARIA HELENA Todos os depoimentos sobre violência batem nas mesmas teclas: "Chutei a cadeira porque o professor me desrespeitou", dizem os alunos. "Discuti com o aluno porque ele não presta atenção", reclamam os docentes. A escola não pode reproduzir situações que ocorrem em muitos lares e na sociedade em geral. Ela tem de criar mecanismos que garantam um clima interno de civilidade - até para servir como uma nova referência para seu público. Não há a possibilidade de um ambiente educativo funcionar bem se o aluno não tem consideração pelo professor e pela direção. O perfil de liderança do bom gestor é fortalecido quando ele constrói regras para garantir a boa convivência entre as partes.




Existem programas em redes públicas que incentivem a boa gestão?


MARIA HELENA No processo de avaliação de Minas Gerais, por exemplo, entram os indicadores de desempenho, de fluxo escolar e também os de qualidade da gestão. O estado tem um sistema misto de escolha do diretor. Faz-se uma prova, os selecionados recebem capacitação, apresentam um plano de trabalho e são eleitos pela comunidade escolar. O mandato pode ser renovado. Porém a cada três anos avalia-se a qualidade da gestão. Quando fui secretária de Educação do Distrito Federal, propus um modelo inspirado no de Minas. Até o momento da eleição, o processo é igual. Uma vez eleito, entretanto, o diretor assina um contrato e um termo de parceria com a Secretaria da Educação e a comunidade, representada por pais e professores. Se não cumprir o plano que apresentou, após três anos ele deixa a direção e volta para a sala de aula. Quem passa por esse processo assume um compromisso mais forte com a escola para transformá-la na melhor instituição possível.


De que forma os pais podem participar desse processo?


MARIA HELENA Para resgatar valores, é crucial organizar uma escola de pais, a maneira como ficou conhecido o espaço criado em algumas instituições para a discussão permanente entre a família e a equipe gestora. Nele, os pais são convidados a conhecer a escola e debater os principais problemas internos, as avaliações externas e o projeto pedagógico. Reunir os familiares com frequência ajuda a ampliar o universo cultural da família por meio de oportunidades de aprendizado. Exemplos: eles podem assistir a um filme ou a uma peça de teatro e depois discutir com os educadores ou ouvir uma palestra sobre sexo na adolescência, drogas e outros temas de interesse geral. Esses eventos são comuns nas boas escolas públicas e privadas, mas muitas vezes faltam onde são mais necessários: na periferia das grandes cidades, que enfrentam situações de extrema carência e onde alunos e professores estão mais expostos a situações externas de risco.


Existem exemplos de escolas de pais bem-sucedidas que tenham alcançado resultados concretos?


MARIA HELENA Há um ótimo exemplo na cidade de Nova York. O bairro do Harlem tinha os piores resultados educacionais e os mais altos índices de violência. Tanto o número de homicídios quanto o de uso de drogas despencaram após o início do trabalho da escola de pais em várias instituições de ensino, pois essa iniciativa aumentou a interação com a comunidade.


De quem deve ser a iniciativa de recuperar a etiqueta escolar?


MARIA HELENA Há 200 mil escolas públicas no Brasil. Não dá para imaginar que o Ministério da Educação sozinho, ou mesmo uma Secretaria de Educação, tenha condições de assumir esse papel por todas elas. Mas acredito que, partindo da supervisão do sistema, é possível orientar a construção de um processo de resgate de procedimentos que vão formar a etiqueta da escola e reforçar os laços de solidariedade e respeito entre gestores, professores, pais e alunos. Isso é importante para que a instituição enxergue os estudantes como alvo principal de seus objetivos e a comunidade perceba que a escola constitui o maior bem de uma política pública porque formará a próxima geração de cidadãos bem preparados.


Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/maria-helena-guimaraes-preciso-cultivar-respeito-ambiente-escolar-539210.shtml 














quarta-feira, 10 de março de 2010

Nunca deixe de voar


Recebi esse vídeo de um amigo e achei muito oportuno compartilhar e cada um refletir o quanto é necessário ter sonhos e muito mais importante concretizá-los.
Antes de iníciar de pausa no mixpod.

domingo, 7 de março de 2010

quarta-feira, 3 de março de 2010

Um Merecido Olhar de Cuidado ao Docente


O trabalho docente já foi e tem sido objeto de muitas análises, estudos, interpretações, críticas, lamentos e recomendações. Neste breve artigo, pretendo tratar acerca do trabalho docente a partir do desgaste que este causa ao seu sujeito, e que comumente se manifesta por meio do tão banalizado stress.
Lembro a colocação de Perrenoud, ao afirmar que a docência é uma “profissão impossível”, no sentido de que o professor, submetido a constantes mudanças e incertezas, não consegue vislumbrar o sucesso de seu empreendimento.
Há algum tempo, começou a ser diagnosticada pela psicologia do trabalho, uma síndrome que parece representar fortemente as angústias muitas vezes vividas e sentidas por muitos docentes: a “Síndrome de Burnout”. Trata-se, como toda síndrome, de um conjunto de fatores, sintomas e comportamentos, que neste caso expressam uma situação de forte esgotamento do indivíduo. Em geral, diagnosticada em profissionais que atendem ao público, que trabalham sob pressão e que não vêem o resultado de seu trabalho, a síndrome também acomete frequentemente o docente. A metáfora utilizada para ilustrar a condição de “Burnout” é a de uma vela que acesa se queima e, queimada, expressa seu esgotamento, seu término, sua finalização. A “chama” aparece como energia consumida, que não pode ser recuperada. Assim, o indivíduo vivencia certo “desamparo”, um cansaço físico, mental e emocional que lhe faz (pensar em) desistir da jornada.
Ministrando cursos de especialização na área da educação, frequentemente tenho a oportunidade de dialogar com muitos docentes, especialmente do ensino fundamental e médio, que tem manifestado em seu discurso, elementos que apontam claramente para os sintomas acima mencionados. O docente, em geral, se sente cansado, e carente de reconhecimento. Questiona-se a si próprio e ao seu interlocutor, dizendo: “qual o sentido de minha atividade profissional? A cada semestre ou ano que eu termino, tenho a sensação de não ter realizado nada... Sinto que ter ou não realizado meu trabalho não significou nada no final...”.
Lamentavelmente, muito pouco se tem dado ao docente no sentido de fazer-lhe recuperar sua auto-estima, sua consciência crítica, que lhe permita mensurar e discernir com clareza sobre as agruras de sua profissão, sem voltar-se para a auto-culpabilização, a auto-crítica sem piedade. É provável que outros, talvez, coloquem-se numa postura simplista de descaso e desinteresse, culpando o sistema, a direção, o governo. Contudo, falo aqui daqueles que me dizem da sua angústia, do seu sentimento de dívida, de incompetência, de insatisfação consigo mesmos.
Foi-se o tempo em que o trabalho docente era sacerdócio, e é melhor que não o seja, pois se trata de uma profissão, que deve ser percebida como tal. Mas também se foi o tempo em que o trabalho docente se resumia a “dar aulas”, nas quais as palavras do professor possuíam a autoridade da competência.
Hoje, ser (um bom) professor implica em capacitar-se na utilização de ferramentas tecnológicas; trabalhar as diversidades multiculturais em sala de aula; exercitar o papel de professor-pesquisador e professor-reflexivo; enfrentar as diferentes formas de crianças, adolescentes e jovens lidarem com a autoridade, dadas as profundas mudanças no universo e estrutura familiar; estar atento às novas gangues, tribos e linguagens; executar atividades burocráticas, com pontualidade; ser diplomático o suficiente para mostrar-se subserviente frente aos superiores (pais-clientes, direção, etc) e ainda assim exercitar a autoridade frente aos alunos para garantir a disciplina da classe; ser amigo do aluno e posteriormente seu avaliador; enfim, entre tantas e muitas vezes contraditórias atividades, emergem diariamente alguns dos agentes estressores que favorecem o despontamento da síndrome de Burnout, em meio ao trabalho docente.
Desde as contribuições do “velho” Karl Marx, estudiosos apontam como uma das conseqüências do trabalho abstrato a falta de satisfação do trabalhador, seus efeitos nocivos para a subjetividade humana, que constantemente anseia por significados para suas atitudes e vivências. Contudo, envolvido em meio a tantas requisições, extensa e intensa jornada de trabalho, muitas vezes mal compreendido pelo seu público (alunos, pais de alunos, sociedade em geral), o docente vê seu trabalho distanciar-se cada vez mais do trabalho concreto, gerador de sentido e satisfação pessoal.
É certo que muitos dos docentes com quem dialogo, em geral são ainda jovens, determinados a realizarem seus ideais referentes à educação, concebendo-a como um compromisso ético-profissional. É a estes docentes que devemos nosso olhar de cuidado, de consideração e de reconhecimento, no sentido de perceber-lhes a dor, os anseios, o esforço e a capacidade. E este merecido olhar de cuidado aos docentes, estes, de carne e osso, com sentimentos, sonhos, ideais e comprometimento, é o que devemos nós todos, alunos, gestores, instituições escolares, sociedade em geral.
Enfim, sem me alongar um pouco mais, minha reflexão vai no sentido de clamar por uma nova percepção do docente, para que não cheguemos à triste conclusão que nos apresentou Perrenoud, afirmando que a docência é mesmo “uma profissão impossível”!




Profa. Dra. Elizabete David Novaes, é doutora em Sociologia; docente nas Faculdades COC de Ribeirão Preto.
Fonte: http://www.jornal.coc.com.br/default.aspx?IdCategoria=95&idSite=95&Categoria=Artigos