domingo, 10 de janeiro de 2010

Profissional da Educação





Em todas as épocas houve uma expectativa social em relação à escola, e ao lermos os pensamentos de homens públicos e intelectuais brasileiros do passado recente ou não, nos surpreendemos com a atualidade de seus dizeres, o que nos leva a crer que a escola raramente atendeu a estas expectativas. E o mais curioso, ainda, é que através dos tempos, a escola se manteve estável em seus conteúdos básicos, na seqüência escolar dividida em anos letivos, na organização das séries escolares anuais como unidades básicas da escola, na estrutura disciplinar e na hierarquia centrada na visão personalista de poder, na organização individual do trabalho de professores/as e em diversos outros aspectos que parecem 'naturais' à instituição escolar.

Ao trazer para a reflexão dos docentes os princípios pedagógicos da interdisciplinaridade e da contextualização, da autonomia, da diversidade e da identidade, previstos nas Diretrizes Curriculares Nacionais, colocamo-los diante de formas diferentes de considerar o conhecimento, a aprendizagem e o ensino. O que fundamenta tais formas são a complexidade genérica do conhecimento humano, a complexidade da realidade(1).

O investimento que um/a professor/a faz (ou deixa de fazer) em relação ao aprimoramento de sua ação docente deriva de uma concepção de formação profissional pessoal produzida por suas experiências em instituições de formação de professores, em cursos de atualização, leituras, convivência com as diferentes linguagens da arte, etc e, principalmente, com sua percepção do papel social da escola e de sua profissão.

É preciso que os/as professor/as reconheçam nas crianças e jovens a capacidade de conhecimento espontâneo, intuitivo, experimental, conhecimento cotidiano, do tipo revelado pelo aluno ou pela aluna que sabe fazer troco, mas não sabe somar os números (Shon, 1992). Significa entender a realidade social ou da natureza em sua complexidade, em seus contextos situacionais e permitir-se a perplexidade e a surpresa diante dos mundos possíveis (Bruner, 1997). É saber que a sua resposta não é a única correta, a única possível(2).

A troca com o saber dos/as alunos/as, repetidamente anunciado nas propostas e fazeres docentes se realiza, na verdade, quando os docentes desenvolvem sua acuidade para descobrir as razões que levam aqueles e aquelas que aprendem, a saber, e dizer certas coisas.

É acolher, ir em direção das crianças e dos adolescentes e caminhar com eles e elas na articulação entre o que sabem pela ação e o saber escolar. É ser um professor que desenvolve a reflexão na ação e sobre a ação docente (Shön, 1992) e, assim, se sentir impelido a sair de seu isolamento e tentar algo novo.

À medida que os professores forem desenvolvendo a capacidade reflexiva no desenvolvimento profissional – daí a necessidade de se dispor a buscar e usufruir as oportunidades de formação contínua, de vivências novas –, na luta pela dignidade social e econômica, no reconhecimento das deficiências científicas e da pobreza conceptual dos programas atuais de formação (Nóvoa, 1992: 23), na admissão da capacidade de reelaboração das propostas ou diretrizes emanadas da política educacional, vão se tornando profissionais, na acepção da palavra, no exercício da profissão docente. E mais, no dizer de Monica Gather Thurler, a escola torna-se uma organização aprendente, de reflexão–ação coletiva.

Para que a escola mude, é necessário que professores e professoras mudem sua forma de ser professor e professora, ao integrar à sua prática docente os resultados de pesquisas nos campos da epistemologia e do currículo, da psicologia e das relações entre ensino-aprendizagem que possibilitam novas formas de conhecimento, ensino e aprendizagem. A expansão do desenvolvimento profissional se realiza a partir do que cada docente já faz, da observação e reflexão sobre sua prática, da troca de experiências das quais possa extrair novos conhecimentos.

Este texto está contido no artigo Profissional da Educação: Modelos e Referências, do terceiro fascículo, entre os seis que acompanham a Série Professor Profissional composta de trinta e seis programas de vídeo de15 a 18 minutos. A Série de vídeos e os fascículos que os acompanham foram produzidos para os professores que participam do Segundo Ciclo de Estudos promovido pela Fundação Darcy Ribeiro em convênio com a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, durante o ano de 2002.
A Série é dirigida para o professor, como categoria profissional. Trata de como se dá o exercício da profissão, em vários de seus aspectos. Mais é também dirigido para cada um de nós, cidadão brasileiro. Que pensamos e o que esperamos da escola e dos professores e das professoras? Este artigo é a expressão de uma corrente de pensamento. Depois de ler, escreva sua opinião, o que pensa e quais são suas expectativas da escola pública e do professor ou professora.

(1) Sobre tais fundamentos, ver LUCK, Heloísa (2000) Congresso Internacional de Educação / Livro do Congresso. Rio de Janeiro, SME e MORIN, Edgar (1999) A Cabeça bem feita. São Paulo, Cortez.
(2) Sobre essas questões, ver Programas Interdisciplinaridade, Arte e Ciência e Temas Transversais, da Série Professor Profissional (FUNDAR, 2002) e Aprendizagem Significativa, da Série Rede Geral (Secretaria Extraordinária de Programas Especiais, 1994, reeditado pela FUNDAR, em 2001).

(Fundação Darcy Ribeiro)
http://www.fundar.org.br/temas/texto__3.htm




sábado, 9 de janeiro de 2010

As vantagens da Graduação a Distância


Estudar no horário em que achar melhor, não precisar enfrentar trânsito para ir à aula e poder fazer parte do curso superior no conforto de casa. A proposta de alguns cursos de graduação a distância parece sedutora, principalmente quando se leva em conta toda a flexibilidade que eles oferecem. No entanto, antes de optar por esta modalidade, é preciso ter em mente quais são suas características e se ela é a mais indicada para você.
Um dos primeiros mitos a serem derrubados é a aparente facilidade. Apesar de alguns cursos não exigirem a presença do aluno em salas de aulas, isso não significa que a faculdade será mais fácil que uma presencial, em que há chamada, professor, aluno, quadro, carteira e todo o pacote tradicional. “Na verdade é preciso se esforçar mais do que em um curso presencial. É o aluno quem vai atrás do conhecimento e, se ele não for, não vai conseguir aprender”, adverte Bruno Rosa da Silva, 20 anos, que se formou no ano passado em Tecnologia em Marketing e Propaganda pela Fatec Internacional, na modalidade de Educação a Distância (EAD).
Assim como ele, cada vez mais estudantes decidem pela EAD na hora de ir atrás do diploma universitário. Tanto que a modalidade de ensino vem crescendo muito nos últimos anos. Segundo o último censo da área (divulgado no dia 28 de setembro durante o Congresso Internacional Abed de Educação a Distância), o número de alunos subiu 90% ao longo do ano 2008, chegando ao início de 2009 a cerca de 2 milhões de estudantes espalhados pelas 215 instituições públicas e privadas de todo o país. Somente a graduação responde por mais de 500 mil estudantes no Brasil, e os cursos superiores de tecnologia por outros 440 mil. No Paraná, são mais de 190 mil alunos, quase todos na educação superior e no ensino particular.
Mas o que leva uma pessoa a procurar uma graduação a distância? A história de Bruno pode, de certa forma, responder a pergunta. Ele trabalhava em uma empresa de segurança em Curitiba e tinha horários muito variados, o que o impedia de se matricular em um curso presencial. A EAD, então, foi uma solução para o seu principal problema: o tempo. “O curso a distância é mais flexível e se encaixava mais na nossa rotina”. Ele diz “nossa” porque fez o curso junto com seu pai, Luiz Fernandes da Silva, de 46 anos. Hoje, os dois graduados pretendem abrir uma agência de marketing.
O tempo, como no caso de Bruno, é um dos motivos pelos quais se procura um curso a distância, mas não o único nem o principal, segundo Rita Tarcia, conselheira fiscal da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) e pesquisadora da modalidade. Em um país de dimensões continentais, a distância dos grandes centros ainda é um empecilho para o aprendizado. “A EAD assume a responsabilidade da disseminação do conhecimento. Não apenas um profissional no grande centro evita de pegar trânsito para aprender, mas também alguém no interior do país evita de fazer viagens de horas para chegar à escola todos os dias. Isso é muito importante. Estamos dando oportunidade para quem antes não tinha como aprender.”
• Nem tudo são flores
O desconhecimento ainda pode atrapalhar quem opta pela Edudação a Distância (EAD), principalmente quando se questiona que ela substituirá o modelo tradicional. Uma preocupação desnecessária, segundo Rita Tarcia, da Abed. “O crescimento do número de cursos a distância e os investimentos do governo e de grandes instituições não pretendem substituir o ensino presencial. Elas são modalidades diferentes. Não deve haver medo nesse sentido.”
O preconceito é outro assunto delicado, principalmente quando se trata do mercado de trabalho. Até pouco tempo pesava sobre a EAD o estigma dos cursos por correspondência, mas a situação está se transformando. “O mercado de trabalho já apresenta um nível de aceitação muito bom dos cursos a distância. Muitas empresas também utilizam ferramentas de aprendizado não presencial para seus treinamentos”, diz Rita.
Exemplo dessa aceitação é Jonas Bettero Pereira Machado, 21 anos, que está no último ano do curso de Pedagogia na Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter) e já trabalha como coordenador pedagógico em uma escola particular. Ele afirma que o formato do curso fez com que desenvolvesse qualidades importantes para o mercado de trabalho. “A pessoa que faz um curso desses se torna mais autônoma, porque tem que correr atrás, muito mais do que quem está num curso presencial”, avalia.
• O nome é o que conta
Na hora de disputar um emprego, o fato de o profissional ter feito um curso presencial ou a distância não é o mais importante. Segundo empresas de assessoria em Recursos Humanos, o que realmente ajuda ou atrapalha um candidato é o nome da instituição em que ele se formou. “Grandes empresas e multinacionais procuram candidatos com graduação em grandes instituições. Nunca vi uma organização barrar um profissional por ter feito curso a distância”, afirma Michele Carvalho Gelinski, consultora de carreira da Chess Human Resources.
Michele ressalta que até 2006 ainda havia empresas que olhavam com certo receio os candidatos formados em cursos a distância. Mas a situação mudou depois que instituições conceituadas passaram a oferecer a modalidade. No Paraná, a UFPR é uma das que aderiram ao formato. ”O aluno formado em um curso a distância é um aluno UFPR como os outros. Não está especificado no diploma se o aluno fez curso a distância ou não”, afirma Gláucia da Silva Brito, coordenadora acadêmica da Coordenadoria de Integração de Políticas de Educação a Distância (Cipead) da UFPR.
E é sempre bom lembrar: um diploma de graduação a distância é igual e vale exatamente o mesmo que o de um curso presencial. Por isso, a pergunta que você, estudante, deve fazer não é a se vale a pena fazer uma graduação a distância, mas sim se ela é a mais indicada para você, pesando os prós e contras da modalidade.
Saiba o que é preciso para levar adiante um curso a distância e o perfil da maioria dos estudantes que procuram a modalidade:
• Alguns requisitos
Tempo e disciplina - Quem planeja cursar uma graduação a distância deve reservar horários específicos para o estudo individual. Como nem todas as atividades de uma graduação a distância são feitas pela internet, também é necessário ter tempo para frequentar o polo de apoio presencial nos dias definidos previamente pela instituição de ensino.
Familiaridade com a internet - Além de assistir às aulas transmitidas pela internet, o aluno precisa postar atividades e trabalhos pela web. Portanto, é fundamental saber lidar com a tecnologia.
Computador com acesso à web - Embora o MEC exija que os pólos de apoio ofereçam laboratórios
com computador e acesso à internet, contar com essa estrutura em casa facilita os estudos. O aluno não precisa se deslocar até o polo e pode acessar as atividades a qualquer hora do dia ou da noite. A conexão discada é suficiente para os conteúdos apresentados por escrito. Já para assistir aos vídeos o ideal é ter internet banda larga.
• Perfil
Renda - Por apresentarem mensalidades mais baratas, os cursos a distância ofertados por instituições particulares são procurados por alunos de menor renda que os da educação presencial.
Atividade - A modalidade também
atrai pessoas que não podem frequentar um curso presencial devido a compromissos profissionais. Segundo o pró-diretor de educação a distância do Grupo Uninter, Benhur Gaio, 96% dos alunos estão no mercado de trabalho.

Faixa etária - Os cursos a distância são procurados principalmente por adultos. Segundo o CensoEAD.br, a maior parte dos estudantes tem entre 30 e 34 anos.
Os cursos de graduação a distância têm a mesma duração dos cursos presenciais e também passam pelos processos de avaliação e reconhecimento pelo Ministério da Educação.

Fonte: Gazeta do Povo
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vestibular2009/conteudo.phtml?tl=1&id=932466&tit=As-vantagens-da-graduacao-a-distancia

Gestão Escolar / Boas - vindas bem planejadas






A acolhida nos primeiros dias de aula é fundamental para estabelecer o vínculo do aluno com a escola
Depois de planejar com a equipe gestora, os docentes e os funcionários como será o ano na sua escola, reserve um período da semana pedagógica para organizar a recepção dos alunos na primeira semana de aula. Os professores já terão informações sobre as turmas para as quais darão aulas e isso certamente ajudará nas relações que se estabelecerão no início do ano letivo. Com todo o grupo, pense nos detalhes que farão com que os alunos se sintam acolhidos e formem (ou fortaleçam) os laços afetivos com a escola – condição importante para que a aprendizagem aconteça. A seguir, uma pauta para você discutir com a equipe:

1. Organização das salas
Antes de os alunos chegarem, combine com professores e funcionários a maneira como a sala de aula deve estar organizada. No primeiro dia, as formações circulares facilitam a integração e por isso são mais indicadas do que fileiras (que não favorecem a socialização). Nas salas da Educação Infantil, aconselha-se a organizar cantos de brincadeiras (veja exemplos no vídeo Ateliê de Entrada) - para ajudar a entreter as crianças antes que a turma esteja completa e também já iniciando um processo de socialização e aprendizagem. A coordenação pedagógica, junto com os professores de cada turma, poderá decidir quais cantos são mais interessantes para as diversas faixas etárias.

2. Recepção
Decidam em conjunto o local em que cada um receberá os alunos. A sugestão é que a equipe gestora fique no portão para cumprimentar não somente as crianças e os jovens mas também os pais que costumam acompanhar os filhos à escola. Os professores podem esperar pelos alunos na porta da sala de aula. Combine com os funcionários de apoio que eles se posicionem nos corredores e em locais em que possam ajudar a informar a localização de cada classe ou ainda orientar sobre o caminho para os banheiros, o bebedouro etc. e outras dúvidas que os estudantes possam ter.

3. Apresentação em sala de aula
Reflita com os professores sobre a importância de apresentar os novos alunos aos demais antes do início dos trabalhos. Peça aos docentes que estimulem a criança a falar um pouco sobre ele mesmo, seu histórico e sua relação com os estudos. Depois, todos podem contar o que fizeram durante as férias. Os professores podem contribuir dando ideias para organizar esse momento e apresentar maneiras de fazer isso. Exemplos: cada aluno pode contar sobre algo que aprendeu nas férias, um lugar que visitou, uma história que leu ou assistiu. Entre os mais velhos, também é interessante falar dos planos que têm para o ano, o que pode incluir um curso ou uma atividade extra ou estudar para o vestibular.

4. Tutoria dos veteranos
É comum que os alunos novos demorem um pouco para se enturmar com um grupo já formado. Para facilitar esse período, adote um sistema de tutoria em que um colega da turma que já estuda na escola há mais tempo mostre ao novato todos os departamentos, o acompanhe e oriente em relação aos procedimentos da escola e tire suas dúvidas. Esse acompanhamento pode variar de uma semana a um mês. Algumas escolas marcam o início das aulas para os novatos um ou dois dias depois do início oficial das aulas. Nesses dias, o professor dá informações sobre o novo colega que vai chegar (nome, de onde ele vem, o que fazem os pais etc.) e escolhe o aluno que fará a tutoria. Em instituições em que há grêmio estudantil, essa recepção pode ser feita por um membro da entidade.

5. Primeiro contato com cada setor
Reforce também a importância dos funcionários de apoio e administrativos serem receptivos com todos e especialmente solícitos com quem ainda não conhece as dependências e rotina da unidade. Estude a hipótese de a classe do primeiro ano - em que todos devem ser novos - fazer uma excursão pela escola com paradas em cada setor para que um responsável da área explique o funcionamento da cantina, da biblioteca, da secretaria, etc. Algumas escolas marcam o início das aulas em dias diferentes para cada três ou quatro turmas para que todos os funcionários deem atenção a chegada de todos.

6. Aulas inaugurais diferenciadas
As primeiras aulas devem apresentar os conteúdos que serão trabalhados durante um período (bimestre, trimestre ou semestre), de acordo com o que foi planejado na semana pedagógica. Uma maneira de apresentar os projetos que serão desenvolvidos é mostrar à turma os trabalhos feitos sobre o tema em anos anteriores. Ao coordenador pedagógico, cabe orientar os professores para que façam uma avaliação inicial antes de introduzir cada conteúdo. As perguntas, quando bem elaboradas, além de dar uma noção precisa do que cada aluno sabe sobre o tema e de que ponto os professores podem avançar, servem para despertar a curiosidade e dar uma prévia do que as crianças aprenderão durante o projeto.

7. Regras bem compreendidas
Decida com a equipe, também no final da semana pedagógica, quem apresentará o estatuto da escola - e como - e em que momentos serão feitos os combinados entre professores e alunos. O próprio diretor pode ter essa função. Para isso, ele precisará ir de sala em sala, se apresentando, dando as boas vindas e explicando algumas regras de convivência já em vigor - que devem ser transmitidas de forma que os alunos entendam porque elas existem. Uma sugestão é partir dos direitos de cada um para os deveres de todos. Por exemplo: todo estudante tem direito a material didático de qualidade, para isso cada um deve cuidar bem dos livros que usará naquele ano para que eles possam ser reutilizados no próximo. É importante gastar alguns minutos com o assunto logo nos primeiros dias de aula, antes que as situações em que caberia o uso de determinadas regras ocorram. Com as regras gerais conhecidas, cada professor pode organizar com a uma turma os combinados internos. Para isso é preciso ouvir os alunos e sistematizar as discussões, chegando a normas internas para cada grupo.


Edição 005 Dezembro de 2009 / Janeiro 2010
por Cinthia Rodrigues (gestao@atleitor.com.br)