sábado, 4 de setembro de 2010

A valorização do professor é fator decisivo para uma educação de qualidade


A valorização do professor é fator decisivo para uma educação de qualidade



Em ano eleitoral, quero levantar uma bandeira em prol da educação de qualidade. Pois, que a educação no nosso País vai mal, não é novidade. Aliás, essa é uma informação recorrente nos meios de comunicação. Principalmente, quando os dados de alguns índices de avaliação são divulgados. Isso é real. O que não é real é o fato de apontarem o professor como o único e principal responsável por essa situação. Quando, na realidade, ele é um entre tantos outros responsáveis pela educação, inclusive, o Governo e os pais. Isso mesmo, ele é um dos profissionais que atua na escola, mas não o único. Outro fator agravante é o fato de aceitarem que educação seja “doação”. Até mesmo o professor “inconscientemente” age desse modo. Pois, quando alguém pergunta a ele o que faz, o mesmo responde: “dou aula”. Quando me refiro à valorização do professor, não faço uma cobrança unilateral, apenas ao Governo, à Secretaria de Educação ou ao MEC. Cobro também a valorização pessoal do pro fessor. É preciso que ele tenha orgulho do que faz, é preciso sentir-se importante em sua tarefa, que é educar. Para isso, em primeiro lugar, o professor precisa parar de se sentir o “coitadinho” e ir à luta! Até porque quem trabalha na educação já é um “Herói”.
Vocês sabem qual é a rotina de um professor? Não? Pois, todos deveriam conhecer a desgastante rotina de quem trabalha com educação, ainda mais no Brasil. Falar horas seguidas, trabalhar em pé e ter “jogo de cintura” para lidar com alunos problemáticos são desafios que exigem bastante do físico e do psicológico. E, cedo ou tarde, as más condições de trabalho resultam em problemas que comprometem a eficiência do profissional. Conforme dados consultados, o número de professores que ficam doentes a cada ano é assustador e, em função disso, milhares de faltas são abonadas uma vez que foram acarretadas em função de problemas de saúde. E, nisso, os pais também têm uma grande responsabilidade. Conheço alguns que dão graças a Deus quando mandam os filhos para a escola, pois nem eles aguentam. Sem falar que não dão o mínimo de educação para seus filhos em casa. Como pode? Lembre-se que educação vem de berço. As tarefas ficariam mais equilibradas se cada uma das partes desempe nhasse bem o seu papel: os pais educam e os professores ensinam. Embora, a grande maioria acha que as tarefas são as mesmas, mas não são.
Como essas tarefas não estão equilibradas, o professor na maioria das vezes tem que se desdobrar para ensinar e fazer o papel de pai, mãe, assistente social, psicólogo, malabarista, etc., e, em função disso, é comum encontrarmos professores estressados, mal humorados, de mal com a vida, sem paciência com os alunos. Não se assustem, agora, pelos menos, temos um nome “chique” para isso, esses sintomas fazem parte da síndrome de Burnout (já que no passado, dizia-se do professor que apresentasse esses sintomas que ele estava “tãn tãn” e, recentemente, que “pirô o cabeção”). Melhor esclarecendo, a síndrome de Burnout caracteriza-se por uma excessiva exaustão física e emocional, começa com um sentimento de desconforto que aumenta, enquanto a vontade de lecionar diminui. Burnout pode ser traduzido como queimar, pifar. O principal causador da síndrome de Burnout é o estresse. E o professor tem motivos de sobra para ficar estressado. Você acha que não? Então, troque de lugar com ele a penas por um dia e depois você me fala. Governo, sociedade, pais, façam algo rápido, levantem também uma bandeira em prol da educação de qualidade, pois, caso contrário, a síndrome de Burnout, continuará a fazer vítimas.

Texto de Zélia Nolasco Freire . A educadora é formada em Letras com Licenciatura Plena, com Doutorado em Letras pela UNESP/Assis. Professora dos Cursos de Letras da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).

Email:zelianolasco@uems.br

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Cyberbullying: a violência virtual


Cyberbullying: a violência virtual



Por: Beatriz Santomauro


Na internet e no celular, mensagens com imagens e comentários depreciativos se alastram rapidamente e tornam o bullying ainda mais perverso. Como o espaço virtual é ilimitado, o poder de agressão se amplia e a vítima se sente acuada mesmo fora da escola. E o que é pior: muitas vezes, ela não sabe de quem se defender.Todo mundo que convive com crianças e jovens sabe como eles são capazes de praticar pequenas e grandes perversões. Debocham uns dos outros, criam os apelidos mais estranhos, reparam nas mínimas "imperfeições" - e não perdoam nada. Na escola, isso é bastante comum. Implicância, discriminação e agressões verbais e físicas são muito mais frequentes do que o desejado. Esse comportamento não é novo, mas a maneira como pesquisadores, médicos e professores o encaram vem mudando. Há cerca de 15 anos, essas provocações passaram a ser vistas como uma forma de violência e ganharam nome: bullying (palavra do inglês que pode ser traduzida como "intimidar" ou "amedrontar"). Sua principal característica é que a agressão (física, moral ou material) é sempre intencional e repetida várias vezes sem uma motivação específica. Mais recentemente, a tecnologia deu nova cara ao problema. E-mails ameaçadores, mensagens negativas em sites de relacionamento e torpedos com fotos e textos constrangedores para a vítima foram batizados de cyberbullying. Aqui, no Brasil, vem aumentando rapidamente o número de casos de violência desse tipo.
Nesta reportagem, você vai entender os três motivos que tornam o cyberbullying ainda mais cruel que o bullying tradicional.
- No espaço virtual, os xingamentos e as provocações estão permanentemente atormentando as vítimas. Antes, o constrangimento ficava restrito aos momentos de convívio dentro da escola. Agora é o tempo todo.
- Os jovens utilizam cada vez mais ferramentas de internet e de troca de mensagens via celular - e muitas vezes se expõem mais do que devem.
- A tecnologia permite que, em alguns casos, seja muito difícil identificar o(s) agressor(es), o que aumenta a sensação de impotência.

Raissa*, 13 anos, conta que colegas de classe criaram uma comunidade no Orkut (rede social criada para compartilhar gostos e experiências com outras pessoas) em que comparam fotos suas com as de mulheres feias. Tudo por causa de seu corte de cabelo. "Eu me senti horrorosa e rezei para que meu cabelo crescesse depressa."

Esse exemplo mostra como a tecnologia permite que a agressão se repita indefinidamente (veja as ilustrações ao longo da reportagem). A mensagem maldosa pode ser encaminhada por e-mail para várias pessoas ao mesmo tempo e uma foto publicada na internet acaba sendo vista por dezenas ou centenas de pessoas, algumas das quais nem conhecem a vítima. "O grupo de agressores passa a ter muito mais poder com essa ampliação do público", destaca Aramis Lopes, especialista em bullying e cyberbullying e presidente do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ele chama a atenção para o fato de que há sempre três personagens fundamentais nesse tipo de violência: o agressor, a vítima e a plateia. Além disso, de acordo com Cléo Fante, especialista em violência escolar, muitos efeitos são semelhantes para quem ataca e é atacado: déficit de atenção, falta de concentração e desmotivação para os estudos (leia mais na próxima página).
Esse tormento permanente que a internet provoca faz com que a criança ou o adolescente humilhados não se sintam mais seguros em lugar algum, em momento algum. Na comparação com o bullying tradicional, bastava sair da escola e estar com os amigos de verdade para se sentir seguro. Agora, com sua intimidade invadida, todos podem ver os xingamentos e não existe fim de semana ou férias. "O espaço do medo é ilimitado", diz Maria Tereza Maldonado, psicoterapeuta e autora de A Face Oculta, que discute as implicações desse tipo de violência. Pesquisa feita este ano pela organização não governamental Plan com 5 mil estudantes brasileiros de 10 a 14 anos aponta que 17% já foram vítimas de cyberbullying no mínimo uma vez. Desses, 13% foram insultados pelo celular e os 87% restantes por textos e imagens enviados por e-mail ou via sites de relacionamento.Quando se trata de bullying e cyberbullying, é comum pensar que há apenas dois envolvidos: a vítima e o agressor. Mas os especialistas alertam para um terceiro personagem fundamental: o espectador. Veja a seguir o que caracteriza a ação de cada um deles nos casos de violência entre os jovens.

Vítima

Costuma ser tímida ou pouco sociável e foge do padrão do restante da turma pela aparência física (raça, altura, peso), pelo comportamento (melhor desempenho na escola) ou ainda pela religião. Geralmente, é insegura e, quando agredida, fica retraída e sofre, o que a torna um alvo ainda mais fácil. Segundo pesquisa da ONG Plan, a maior parte das vítimas - 69% delas - tem entre 12 e 14 anos. Ana Beatriz Barbosa Silva, médica e autora do livro Bullying: Mentes Perigosas na Escola, cita algumas das doenças identificadas como o resultado desses relacionamentos conflituosos (e que também aparecem devido a tendências pessoais), como angústia, ataques de ansiedade, transtorno do pânico, depressão, anorexia e bulimia, além de fobia escolar e problemas de socialização. A situação pode, inclusive, levar ao suicídio. Adolescentes que foram agredidos correm o risco de se tornar adultos ansiosos, depressivos ou violentos, reproduzindo em seus relacionamentos sociais aqueles vividos no ambiente escolar. Alguns também se sentem incapazes de se livrar do cyberbullying. Por serem calados ou sensíveis, têm medo de se manifestar ou não encontram força suficiente para isso. Outros até concordam com a agressão, de acordo com Luciene Tognetta. O discurso deles vai no seguinte sentido: "Se sou gorda, por que vou dizer o contrário?" Aqueles que conseguem reagir alternam momentos de ansiedade e agressividade. Para mostrar que não é covarde ou quando percebe que seus agressores ficaram impunes, a vítima pode escolher outras pessoas mais indefesas e passam a provocá-las, tornando-se alvo e agressor ao mesmo tempo.

Agressor

Atinge o colega com repetidas humilhações ou depreciações porque quer ser mais popular, se sentir poderoso e obter uma boa imagem de si mesmo. É uma pessoa que não aprendeu a transformar sua raiva em diálogo e para quem o sofrimento do outro não é motivo para ele deixar de agir. Pelo contrário, se sente satisfeito com a reação do agredido, supondo ou antecipando quão dolorosa será aquela crueldade vivida pela vítima. O anonimato possibilitado pelo cyberbullying favorece a sua ação. Usa o computador sem ser submetido a julgamento por não estar exposto aos demais. Normalmente, mantém esse comportamento por longos períodos e, muitas vezes, quando adulto, continua depreciando outros para chamar a atenção. "O agressor, assim como a vítima, tem dificuldade de sair de seu papel e retomar valores esquecidos ou formar novos", explica Luciene.

Espectador

Nem sempre reconhecido como personagem atuante em uma agressão, é fundamental para a continuidade do conflito. O espectador típico é uma testemunha dos fatos: não sai em defesa da vítima nem se junta aos agressores. Quando recebe uma mensagem, não repassa. Essa atitude passiva ocorre por medo de também ser alvo de ataques ou por falta de iniciativa para tomar partido. "O espectador pode ter senso de justiça, mas não indignação suficiente para assumir uma posição clara", diz Luciene. Também considerados espectadores, há os que atuam como uma plateia ativa ou uma torcida, reforçando a agressão, rindo ou dizendo palavras de incentivo. Eles retransmitem imagens ou fofocas, tornando-se coautores ou corresponsáveis.


Mesmo quando a agressão é virtual, o estrago é real


O cyberbullying é um problema crescente justamente porque os jovens usam cada vez mais a tecnologia - até para conceder entrevistas, como fez Ana, 13 anos, que contou sua história para esta reportagem via MSN (programa de troca de mensagens instantâneas). Ela já era perseguida na escola - e passou a ser acuada, prisioneira de seus agressores via internet. Hoje, vive com medo e deixou de adicionar "amigos" em seu perfil no Orkut. Além disso, restringiu o aceso ao MSN. Mesmo assim, o tormento continua. As meninas de sua sala enviam mensagens depreciativas, com apelidos maldosos e recados humilhantes, para amigos comuns. Os qualificativos mais leves são "nojenta, nerd e lésbica". Outros textos dizem: "Você deveria parar de falar com aquela piranha" e "A emo já mudou sua cabeça, hein? Vá pro inferno". Ana, é claro, fica arrasada. "Uso preto, ouço rock e pinto o cabelo. Curto coisas diferentes e falo de outros assuntos. Por isso, não me aceitam." A escola e a família da garota têm se reunido com alunos e pais para tentar resolver a situação - por enquanto, sem sucesso.

Pesquisa da Fundação Telefônica no estado de São Paulo em 2008 apontou que 68% dos adolescentes ficam online pelo menos uma hora por dia durante a semana. Outro levantamento, feito pela ComScore este ano, revela que os jovens com mais de 15 anos acessam os blogs e as redes sociais 46,7 vezes ao mês (a média mundial é de 27 vezes por semana). Marcelo Coutinho, especialista no tema e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), diz que esses estudantes não percebem as armadilhas dos relacionamentos digitais. "Para eles, é tudo real, como se fosse do jeito tradicional, tanto para fazer amigos como para comprar, aprender ou combinar um passeio."

No cinema, essa overdose de tecnologia foi retratada em As Melhores Coisas do Mundo, de Laís Bodanzky. A fita conta a história de dois irmãos que passam por mudanças no relacionamento com os pais e os colegas. Boa parte da trama ocorre num colégio particular em que os dois adolescentes estudam. O cyberbullying é mostrado de duas formas: uma das personagens mantém um blog com fofocas e há ainda a troca de mensagens comprometedoras pelo celular. A foto de uma aluna numa pose sensual começa a circular sem sua autorização.

Na vida real, Antonio, 12 anos, também foi vítima de agressões pelo celular. Há dois meses, ele recebe mensagens de meninas, como "Ou você fica comigo ou espalho pra todo mundo que você gosta de homem". Os amigos o pressionam para ceder ao assédio e, como diz a coordenadora pedagógica, além de lidar com as provocações das meninas, ele tem de se justificar com os outros garotos.


Online, o agressor pode agir sem que precise se identificar


A terceira principal marca do cyberbullying é a possibilidade de o agressor agir na sombra. Ele pode criar um perfil falso no Orkut ou uma conta fictícia de e-mail (ou ainda roubar a senha de outra pessoa) para mandar seus recados maldosos e desaforados. Paulo, 19 anos, teve sua foto publicada sem autorização na internet durante três anos (a imagem era uma montagem com seu rosto, uma boca enorme e uma gozação com um movimento que fazia com a língua). Ele nunca conseguiu descobrir quem eram seus algozes. "Eu não confiava mais em nenhum dos meus colegas", lembra. Seu desempenho escolar caiu e ele foi reprovado. Pediu transferência, mas, mesmo longe dos agressores, ainda sente os efeitos da situação. Toma medicamentos e tem o acompanhamento de um psicólogo. Tudo indica que os que o atazanavam na sala de aula estavam por trás do perfil falso.

E essa situação é totalmente nova na comparação com o bullying tradicional. Para agredir de forma virtual, não é necessário ser o mais forte, pertencer a um grupo ou ter coragem de se manifestar em público, no pátio da escola ou na classe. Basta ter acesso a um celular ou à internet. Por isso, muitos desses novos agressores nem sabem dizer por que fazem o que fazem. Na pesquisa da ONG, metade deles respondeu a essa pergunta com frases como "foi por brincadeira", "não sei" e "as vítimas mereciam o castigo". Luciana Ruffo, do Núcleo de Pesquisa da Psicologia da Informática, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), diz que, "no bullying cara a cara, o agressor vê que a humilhação faz efeito porque a vítima sofre em público. Agora, basta imaginar esse sofrimento para o jovem se sentir realizado com a provocação virtual". Num ambiente em que essa dinâmica se instala, está claro que as relações não estão construídas com base em valores sólidos. Por isso, trabalhar para que o cyberbullying deixe de fazer parte da rotina é uma tarefa de toda a equipe escolar.

Reportagem sugerida por 11 leitores: Anderson Abreu, Campo Largo, PR, Cássia Santos Virgens, Salvador, BA, Eder Silva, Barretos, SP, Edgard Fraga Moreira da Silva, Jaú, SP, Estela Santos, São Paulo, SP, Jeice Miranda, Porto Alegre, RS, Luzia Marta de Abreu Rangel, Belo Horizonte, MG, Marcia Christianni Freitas, Ribeirão da Neves, MG, Nara Santos Lima, Rondonópolis, MT, Rafaela Rodrigues Pimetel Servilha, São Paulo, SP, e Tainá Borghi, Salvador, BA

*Os nomes foram trocados para preservar a identidade dos entrevistados.

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/comportamento/cyberbullying-violencia-virtual-bullying-agressao-humilhacao-567858.shtml
Nova Escola Edição 233
Junho/Julho 2010
Título original: Violência virtual
Beatriz Santomauro (bsantomauro@abril.com.br)

terça-feira, 1 de junho de 2010

O que você quer da vida?












Meu trabalho de palestrante e consultor de empresas faz com que conheça diversas pessoas pelo Brasil e que estão passando por momentos pessoais e profissionais bastante peculiares.

Um comportamento em especial sempre me chamou a atenção: pessoas que reclamam, reclamam, mas não fazem nada para mudar. Este tipo de postura tem sido cada vez mais frequente, infelizmente.
Vivemos um momento onde a decisões tem que ser tomadas com maior rapidez e discernimento. Aqueles que não conseguem fazer isso acabam ficando para trás e, pior, frustrados. A perspectiva é que a medida que a humanidade avança em tecnologia, novos conhecimentos e práticas corporativas agir com determinação, decisão e ousadia é fundamental.
Bem, após algumas análises destes discursos recorrentes e pesquisando informações sobre comportamento humano e motivação cheguei a uma conclusão simples: estas pessoas não sabem o que querem da vida.
Reclamam e não fazem nada porque não sabem o que realmente querem. Portanto, é mais fácil reclamar do que agir. Adotam um comportamento perigoso de "coitado de mim". Durante algum tempo algumas pessoas irão sentir pena e até ajudar, mas logo seguirão seus caminhos e longe destas pessoas.
Por isso, caso você esteja nesta lista que acabei de mencionar, faça uma pausa para reflexão. Tire alguns minutos ou uma hora para pensar sobre você e sua vida. Faça um balanço pessoal do que já realizou e fez você se sentir feliz, pleno, satisfeito. Se tiver dificuldade insista mais um pouco, pois certamente deve haver algo em sua vida que já tenha valido a pena.
Procure perceber como você agiu naquele momento de realização. O que te motivou? O que impulsionou você a realizar algo importante e gratificante?
Depois faça outra reflexão, mas profunda e talvez mais demorada: o que você realmente deseja realizar, conquistar, alcançar nesta vida? Pense grande, sem limitações de tempo, recursos ou qualquer outra coisa e "torne impossível" seu sonho. Deixe fluir, livre de amarras ou controles.
Em outro momento, outro dia, reveja este sonho e procure pensar racionalmente. Será que você foi longe demais? Ou o contrário? Escreva alguns passos que possam levar até a realização deste sonho ou a parte dele. Faça uma lista com prós e contras para se alcançar este sonho. O que você irá conquistar e o que terá de abrir mão. Faça um balanço e os ajustes necessários.
Veja, esta técnica simples é para ajudar a trabalhar seu propósito de vida. Caso ele seja muito grande e distante procure dividir em pequenas partes mais realizáveis, e que ao final leve você ao sonho maior.
Com tudo isso quero reforçar a ideia que não adianta reclamar e continuar do mesmo jeito. Ou para de reclamar ou mude. Faça algo.


Rogerio Martins artigos@personaconsultoria.com.br  Psicólogo, consultor de empresas e palestrante.
Fonte: http://www.nota10.com.br/artigo-detalhe/3961_O-que-voce-quer-da-vida-

sábado, 29 de maio de 2010

Ensino a distância atrai 1 em cada 5 estudantes

Ensino a distância atrai 1 em cada 5 estudantes

Estudo confirma tendência de crescimento da metodologia em que aulas são dadas em parte na internet.

Dados do Ministério da Educação mostram que um em cada cinco novos alunos de graduação no País ingressam em um curso a distância. Ou seja: cerca de 20% dos universitários já estudam entre aulas na internet e em pólos presenciais. Os números indicam um rápido avanço da modalidade, ainda pouco conhecida da maioria da população.
O grande impulso para o crescimento do modelo semi-presencial – apesar do nome, aulas totalmente a distância são proibidas pela legislação – foi dado pelo próprio governo, com a criação da Universidade Aberta do Brasil, em 2005. A instituição tem 180 mil vagas em cursos superiores oferecidos em parceria com universidades federais.
No mês passado, a Universidade de São Paulo (USP), que até então resistia em adotar o modelo, lançou junto com o governo do Estado seu primeiro curso a distância, uma licenciatura em Ciências voltada também para formação de professores. A primeira turma a distância da Universidade Estadual Paulista (Unesp) começou suas aulas neste semestre.
“Os estudantes são atraídos pela versatilidade, modularidade e capacidade de inclusão que a metodologia oferece”, afirma o pesquisador Fábio Sanchez, autor do levantamento e um dos coordenadores do Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância. Por outro lado, a modalidade exige autonomia do estudante, porque as aulas são construídas por meio de tecnologias como fóruns de discussão, videoconferências e chats pela internet.
Algumas avaliações também podem ser feitas online, mas as provas devem ser presenciais, assim como parte do conteúdo das aulas e atendimentos com os professores. “A tendência é que a educação presencial e EAD se misturem cada vez mais no futuro”, afirma Sanchez.
Por enquanto, o modelo a distância tem mantido taxas altas de crescimento (50% ao ano, em média), enquanto o avanço da graduação presencial tende a se estabilizar (3,5% em 2008). Além da presença forte no setor público, diversas universidades e faculdades privadas adotaram nos últimos anos o modelo a distância, tanto na graduação quanto na pós.
“A graduação EAD vai crescer cada vez mais porque o presencial não consegue atender todo mundo”, explica Marta Maia, professora da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo e membro do conselho científico da Associação Brasileira de Ensino a Distância. “A modalidade atrai pessoas que trabalham para sustentar a família, têm mais de 30 anos ou que moram em cidades onde não há universidades. E no Brasil há muita gente com esse perfil.”
Desempenho. Na avaliação do o secretário de Educação a Distância do MEC, Carlos Eduardo Bielschowsky, o Brasil ainda passa por um processo de aceitação e conhecimento do que é a modalidade. “A EAD é um fenômeno mundial e aqui no Brasil ainda demorou para se estabelecer.” Ele cita o resultado das avaliações do ensino superior conduzidas pelo ministério que mostram desempenho semelhante e em alguns casos superior dos estudantes de EAD em relação ao alunos de cursos presenciais.
Mesmo assim, há resistência de gestores que organizam concursos públicos e conselhos de classe. Em fevereiro, a Justiça Federal suspendeu uma resolução do Conselho Federal de Biologia que proibia a concessão de registro profissional para alunos formados a distância

Por: Mariana Mandelli
Fonte: Estadão.com.br em http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,ensino-a-distancia-atrai-1-em-cada-5-estudantes,537186,0.htm  

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Quebrando paradigmas sobre “Educação a Distância”


Primeiramente é importante falarmos que a educação a distância acontece apenas no nome! É preciso dar um basta àquelas concepções de que esta modalidade de ensino serve apenas para a obtenção de um diploma.



Contudo é preciso salientar que os empresários e até mesmo, os próprios estudantes, que pensam desta maneira encontram-se completamente equivocados sobre as potencialidades que este tipo de ensino pode proporcionar a um indivíduo.


Sabemos muito bem e os jornais não me deixam equivocar, que os principais assuntos que envolvem, por exemplo, cadernos de negócios, de uma forma ou de outra, acabam abordando o aspecto ”competitividade”, da mesma forma que também o caderno de empregos, além das vagas de empregos disponíveis com os diversos perfis exigidos para cada vaga traz informações sobre a necessidade de aperfeiçoamentos e dicas sobre o mercado que os profissionais em busca de uma recolocação irão encontrar.


Quantas reportagens lemos diariamente, que retratam as qualidades dos bons profissionais para uma organização!


Dentre algumas características que estes profissionais precisam ter citarei algumas:


Facilidade para trabalhos em equipe, inclusive bom relacionamento com seus colegas de trabalho.


Diferenciação e flexibilidade. Valoriza-se o colaborador que se mantém em constante atualização e adepto a mudanças. As organizações já possuem máquinas para produção de seus equipamentos, inclusive computadores; desta forma não precisam de colaboradores “robôs”; e sim dos colaboradores “comprometidos” com suas estratégias de mercado.


Pró-atividade e criatividade. Neste caso, buscam os profissionais que querem se superar a cada novo desafio e que transformam esta oportunidade em novas idéias para o contexto organizacional.


Agora, vamos detalhar rapidamente, as características pertinentes ao Ensino a Distância. Sabemos que o Universitário ao realizar essa escolha, precisa de:


Conscientização do bom trabalho em equipe, visto que não existem bons trabalhos sem delegação de tarefas para cada integrante.


Busca de conhecimento, pois as aulas exigem investigação e muita leitura.


Disciplina e Organização, pois é através delas que as atividades serão entregues no tempo estipulado e darão espaço para maior tempo de estudo e coleta de informações.


Realizando comparações é possível perceber que o Ensino a Distância possui características necessárias e preparatórias para o profissional que procura obter chances de sucesso em uma nova organização. É evidente que essas características somente serão positivas, à medida que o curso for tratado com seriedade e responsabilidade.


Lamento dizer que o “diploma” que nos é entregue quando realizamos qualquer curso em uma Universidade, se trata apenas de um Documento Comprobatório que realmente realizamos aquele tipo de Graduação ou Especialização, porém a grande diferença se dá ao passo que buscamos e alcançamos o aprendizado que realmente nos levará á grandes resultados.


Nosso diploma não nos dá certificação de sucesso! Quem deve ir buscá-lo somos nós mesmos!


É necessário compreender que os meios pelos quais procuramos um melhor aprendizado devem ser os mesmos pelos quais seguimos em busca de um bom emprego, de uma boa colocação no mercado de trabalho ou até mesmo de uma organização que nos dê oportunidade de carreira.


Os alunos que frequentam um curso presencial ou um curso a distância, só têm diferentes papéis, quando o aspecto se releva ao questionamento, que inclusive podemos nos perguntar agora:


- O que estamos buscando?


Se a resposta for uma cadeira confortável para sentarmos, acompanhada de conteúdos prontos – você pertence ao grupo “quero um diploma”!


Porém se respondeu que precisa de uma aula explicativa que lhe subsídios para ir em busca de mais conhecimento! Parabéns! Você faz parte do que chamamos de profissional altamente competitivo para um mercado cada vez mais exigente!


Dentre o que foi exposto acima, onde estão as diferenças?


- Existem diferenças?


É evidente que sim! Mas as diferenças estão em nossas atitudes! Como seremos empreendedores se buscarmos o confortável o tempo inteiro?


Os grandes empresários, os profissionais de sucesso não tiveram apenas tempos de bonança! Eles empreenderam suas carreiras e isso compete “errar e acertar”.


Convido a todos para alguns questionamentos:


- Falando um pouco de nossos futuros profissionais. Já que somos protagonistas do nosso próprio sucesso estamos sabendo empregar todas as necessidades que o mercado aponta como competitivas?


- Estamos aproveitando todas as oportunidades que nos foram propostas?


Pensem nisso!

Artigo por Simone do Nascimento da Costa
Graduada em Gestão de Recursos Humanos pela Universidade Metodista de São Paulo.


http://www.nota10.com.br/artigo-detalhe/6190_Quebrando-paradigmas-sobre-ldquo;Educacao-a-Distanciardquo;

terça-feira, 20 de abril de 2010

Mais que um professor - Eduardo Shinyashiki


Educação é a base para o desenvolvimento de qualquer nação, dessa forma, o professor torna-se peça chave na formação do ser social, é ele quem vai guiar a produção do conhecimento e o futuro profissional e acadêmico de cada criança.



No entanto, uma recente notícia sobre professores alarmou pais e estudantes. A Secretaria da Educação de São Paulo anunciou que usará professores reprovados em exames para ministrar aulas no ensino básico. O sindicato do setor anunciou ainda que esses professores irão para as periferias da capital, onde o desempenho dos alunos é abaixo da média nacional. Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego, 80% dos professores ativos no Brasil participam da educação básica, ou seja, educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.


Para solucionar esse problema, é preciso primeiro ter presente que o professor é muito mais que um transmissor de conhecimentos. É ele também que irá estimular a criança a ter características exigidas pelo mercado de trabalho. Em uma de minhas palestras, em específico a realizada na UNESCO, para educadores, lembro-me que iniciei a reflexão com a seguinte pergunta: “quais as qualidades exigidas a um cidadão em uma entrevista para emprego?“.


Muitos falaram, ao mesmo tempo, vários atributos. Liderança, comunicação, trabalhar em equipe, iniciativa, criatividade, flexibilidade entre outras. Foram inúmeras as características citadas pelos participantes da palestra e todas elas se encaixam no perfil selecionado pelas empresas.


Respondi então a eles com uma segunda pergunta: “Nós como educadores estamos colocando dentro da sala de aula estas qualidades? Foi quando disse a todos: “Se não estivermos fazendo isto como uma prática dentro da sala de aula, nós estaremos engrossando a fila dos desempregados”. Pois é exatamente esse questionamento que o docente pode fazer a si mesmo.


O papel do educador dentro e fora da sala de aula é de extrema importância para os alunos. O professor é um dos principais líderes da vida de uma criança, é ele que, juntamente com os pais, vai influenciar diretamente no desenvolvimento delas. Ele irá conduzir os alunos rumo ao conhecimento e a sabedoria. A escola é o primeiro ambiente que a criança encontra fora da família, e o mestre será uma das pontes mais importantes de transição da infância para a vida adulta. Nesse sentido, o docente deverá ser um bom exemplo e passar a sua melhor característica para os alunos, agindo como um cidadão ético e responsável, ciente de sua missão de transmitir valores para um futuro profissional.


As rápidas mudanças podem afetar alguns setores da sociedade, e a educação não está exclusa deste cenário. Assim, o professor deve enfrentar grandes desafios em sua profissão, além de se especializar para comunicar o conhecimento, ele precisa estar atento em transmitir mais que isso, é preciso mostrar aos pequenos que motivação e qualidades devem crescer dentro nós e nunca se perder em meio aos problemas da vida.


Os grandes professores que se permitem ensinar e transmitir o amor e a dedicação nos marcam de forma positiva, deixam resultados perenes e transmitem de forma inequívoca valores e ideais, promovendo uma verdadeira transformação na vida de cada pessoa.

Eduardo Shinyashiki 
Consultor, palestrante e diretor da Sociedade Cre Ser.
Fonte Jornal Nota 10 - http://www.nota10.com.br/

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Conae: um salto de qualidade para a política educacional brasileira



Conae: um salto de qualidade para a política educacional brasileira - Prof.Luiz Carlos Paixão da Rocha - Mestre e, educação/UFPR



Quarta-feira, 14 de Abril de 2010


Tive a oportunidade de participar durante a semana passada (28 de março a 1.º de abril), em Brasília, da Conferência Nacional de Educação – Conae. A etapa nacional da Conferência contou com a participação de aproximadamente 2.500 delegados e delegadas eleitos nas centenas de conferências municipais e estaduais de educação realizadas pelo país. Estas pessoas representaram, na Conae, vários segmentos da sociedade brasileira.


Entre eles o poder público, os gestores e educadores das redes públicas e privadas, pais e mães, estudantes, ministério público, parlamentares, movimentos sociais (negro, mulheres, quilombolas, diversidade sexual, religiões, campo, pessoas com deficiência).


Durante quase uma semana, os representantes participaram de um profícuo debate sobre a política educacional brasileira e prepararam as bases para a construção do Plano Nacional da Educação, que estará em vigor nos próximos 10 anos. A Conae representou um marco para a educação em nosso país. A sociedade tem, agora, um instrumento importante para consolidar uma política nacional de investimento neste setor, ultrapassando, assim, o fácil e cômodo discurso da educação como redentora dos problemas do país.


O discurso da importância da educação para o desenvolvimento do país já virou senso comum. Políticos, governantes e a sociedade em geral o repetem como um mantra: “A educação precisa ser prioridade”. No entanto, há ainda uma distancia significativa entre o discurso e a realidade. Atualmente, temos no Brasil aproximadamente 14 milhões de analfabetos. Cerca de dois terços da população não possui o ensino fundamental completo. E, segundo dados do próprio Ministério da Educação (2007), apenas 12,81% dos brasileiros da faixa etária de 18 a 24 anos cursam o ensino superior. E menos da metade da população de 15 a 17 anos cursam o ensino médio.


A falta de investimentos sólidos na área educacional tem comprometido tanto o acesso à escola, quanto a qualidade da educação ofertada aos brasileiros. Neste sentido, a Conae apontou a possibilidade concreta de materializar em políticas públicas o discurso mântrico da importância da educação. Deste modo, uma das principais definições da Conferência foi o de ampliação gradativa dos recursos a serem aplicados no setor. Hoje, o Brasil aplica 4,7% do PIB na área. O novo plano nacional de educação prevê um aumento de 1% ao ano, em relação ao PIB, como forma de atingir, no mínimo, 7% do PIB até 2011 e, no mínimo, 10 % do PIB até 2014. Para alcançar esta meta, uma das fontes de recursos prevista será o fundo social do pré-sal.


Outro destaque da Conferência foi o de definir as bases para a construção de um Sistema Nacional Articulado de Educação. Este possibilitará que as políticas da área da educação deixem de ser políticas dos governos estaduais, municipais ou da união, para se consolidarem como uma política estratégica do Estado brasileiro. Através de um Plano Nacional e um Sistema Nacional Articulado de Educação, o país estabelecerá metas, diretrizes e responsabilidades para os executores do Plano. Caberá a sociedade a tarefa de acompanhar e fiscalizar a sua aplicação, através dos mecanismos de participação social, como os Conselhos Estaduais e Municipais de Educação.


Milhares de propostas, vindas de todo o país, foram debatidas na Conae. O resultado poderá trazer novos tempos para a educação brasileira. Além do investimento e da constituição do sistema nacional, a Conferência aprovou outras importantes medidas. No campo da valorização dos profissionais da educação, como destaque a implantação do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) e de planos de carreira para professores e funcionários, a redução do número de alunos por turma, a melhoria das condições das escolas, um forte investimento público na formação inicial e continuada dos educadores, e a instituição de medidas para enfrentar o quadro de adoecimento dos educadores no país.


Em relação à gestão, aprovou-se o fortalecimento dos conselhos de educação, a constituição de um Fórum Nacional de Educação (antiga reivindicação de vários segmentos envolvidos na defesa da educação pública), a obrigatoriedade da realização de eleições diretas para diretores de escolas e, ainda, a regulamentação do ensino privado no país.


Outro marco da Conferência foi à aprovação da reserva de vagas para estudantes no ensino superior. Serão destinadas 50% das vagas de acesso às instituições de ensino superior públicas à estudantes oriundos das escolas públicas, respeitando, em cada Estado, a proporção de negros e indígenas. Um importante avanço para a democratização do ensino superior.


No último dia do evento, recebemos a visita do presidente Lula e do ministro de Educação Fernando Haddad. Lula, em um discurso emocionado, destacou as realizações efetuadas na área da educação e a importância de consolidar uma política de Estado para a educação. “Foi neste governo, em que o presidente e o seu vice não possuíam o diploma de ensino superior, que mais se criou novas universidades públicas no país”, destacou.


Saí da Conae com a convicção que, de fato, a sociedade brasileira pode estar construindo um novo país. Agora, cabe a nós acompanhar todo o processo de implantação das políticas definidas na Conferência. O resultado deve seguir, em breve, para o Congresso Nacional. Ainda este ano, os parlamentares terão que aprovar o Plano Nacional de Educação de 2011 a 2020. Na sequência, será a vez de Estados e municípios, a luz do plano nacional, aprovar seus respectivos planos.


Para finalizar, chamo a atenção de um dos episódios da Conae. No meio de um debate acalorado, um estudante surdo-mudo pede espaço para fazer uma intervenção em defesa da manutenção de escolas específicas para surdos. Com a ajuda de uma intérprete da linguagem dos sinais (Libras), este foi ouvido respeitosamente por todos os presentes. Da mesma forma que pôde ouvir os argumentos pela inclusão dos surdos nas escolas regulares, é nesta educação que acredito.


Uma educação sólida, que dê as ferramentas e autonomia intelectual para cada cidadão e cidadã conhecer e interpretar o mundo. Uma educação que contribua com a construção de um mundo livre de preconceitos e pautado pelas relações de justiça, igualdade e solidariedade.


Fonte:Artigo do Prof.Luiz Carlos Paixão da Rocha


Mestre e, Educação/UFPR 14/04/2010

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Carta de Paulo Freire aos professores - Paulo Freire


Ensinar, aprender: leitura do mundo, leitura da palavra


NENHUM TEMA mais adequado para constituir-se em objeto desta primeira carta a quem ousa ensinar do que a significação crítica desse ato, assim como a significação igualmente crítica de aprender. É que não existe ensinar sem aprender e com isto eu quero dizer mais do que diria se dissesse que o ato de ensinar exige a existência de quem ensina e de quem aprende. Quero dizer que ensinar e aprender se vão dando de tal maneira que quem ensina aprende, de um lado, porque reconhece um conhecimento antes aprendido e, de outro, porque, observado a maneira como a curiosidade do aluno aprendiz trabalha para apreender o ensinando-se, sem o que não o aprende, o ensinante se ajuda a descobrir incertezas, acertos, equívocos.


O aprendizado do ensinante ao ensinar não se dá necessariamente através da retificação que o aprendiz lhe faça de erros cometidos. O aprendizado do ensinante ao ensinar se verifica à medida em que o ensinante, humilde, aberto, se ache permanentemente disponível a repensar o pensado, rever-se em suas posições; em que procura envolver-se com a curiosidade dos alunos e dos diferentes caminhos e veredas, que ela os faz percorrer. Alguns desses caminhos e algumas dessas veredas, que a curiosidade às vezes quase virgem dos alunos percorre, estão grávidas de sugestões, de perguntas que não foram percebidas antes pelo ensinante. Mas agora, ao ensinar, não como um burocrata da mente, mas reconstruindo os caminhos de sua curiosidade — razão por que seu corpo consciente, sensível, emocionado, se abre às adivinhações dos alunos, à sua ingenuidade e à sua criatividade — o ensinante que assim atua tem, no seu ensinar, um momento rico de seu aprender. O ensinante aprende primeiro a ensinar mas aprende a ensinar ao ensinar algo que é reaprendido por estar sendo ensinado.


O fato, porém, de que ensinar ensina o ensinante a ensinar um certo conteúdo não deve significar, de modo algum, que o ensinante se aventure a ensinar sem competência para fazê-lo. Não o autoriza a ensinar o que não sabe. A responsabilidade ética, política e profissional do ensinante lhe coloca o dever de se preparar, de se capacitar, de se formar antes mesmo de iniciar sua atividade docente. Esta atividade exige que sua preparação, sua capacitação, sua formação se tornem processos permanentes. Sua experiência docente, se bem percebida e bem vivida, vai deixando claro que ela requer uma formação permanente do ensinante. Formação que se funda na análise crítica de sua prática.


Partamos da experiência de aprender, de conhecer, por parte de quem se prepara para a tarefa docente, que envolve necessariamente estudar. Obviamente, minha intenção não é escrever prescrições que devam ser rigorosamente seguidas, o que significaria uma chocante contradição com tudo o que falei até agora. Pelo contrário, o que me interessa aqui, de acordo com o espírito mesmo deste livro, é desafiar seus leitores e leitoras em torno de certos pontos ou aspectos, insistindo em que há sempre algo diferente a fazer na nossa cotidianidade educativa, quer dela participemos como aprendizes, e portanto ensinantes, ou como ensinantes e, por isso, aprendizes também.


Não gostaria, assim, sequer, de dar a impressão de estar deixando absolutamente clara a questão do estudar, do ler, do observar, do reconhecer as relações entre os objetos para conhecê-los. Estarei tentando clarear alguns dos pontos que merecem nossa atenção na compreensão crítica desses processos.


Comecemos por estudar, que envolvendo o ensinar do ensinante, envolve também de um lado, a aprendizagem anterior e concomitante de quem ensina e a aprendizagem do aprendiz que se prepara para ensinar amanhã ou refaz seu saber para melhor ensinar hoje ou, de outro lado, aprendizagem de quem, criança ainda, se acha nos começos de sua escolarização.


Enquanto preparação do sujeito para aprender, estudar é, em primeiro lugar, um que-fazer crítico, criador, recriador, não importa que eu nele me engaje através da leitura de um texto que trata ou discute um certo conteúdo que me foi proposto pela escola ou se o realizo partindo de uma reflexão crítica sobre um certo acontecimentos social ou natural e que, como necessidade da própria reflexão, me conduz à leitura de textos que minha curiosidade e minha experiência intelectual me sugerem ou que me são sugeridos por outros.


Assim, em nível de uma posição crítica, a que não dicotomiza o saber do senso comum do outro saber, mais sistemático, de maior exatidão, mas busca uma síntese dos contrários, o ato de estudar implica sempre o de ler, mesmo que neste não se esgote. De ler o mundo, de ler a palavra e assim ler a leitura do mundo anteriormente feita. Mas ler não é puro entretenimento nem tampouco um exercício de memorização mecânica de certos trechos do texto.


Se, na verdade, estou estudando e estou lendo seriamente, não posso ultra-passar uma página se não consegui com relativa clareza, ganhar sua significação. Minha saída não está em memorizar porções de períodos lendo mecanicamente duas, três, quatro vezes pedaços do texto fechando os olhos e tentando repeti-las como se sua fixação puramente maquinal me desse o conhecimento de que preciso.


Ler é uma operação inteligente, difícil, exigente, mas gratificante. Ninguém lê ou estuda autenticamente se não assume, diante do texto ou do objeto da curiosidade a forma crítica de ser ou de estar sendo sujeito da curiosidade, sujeito da leitura, sujeito do processo de conhecer em que se acha. Ler é procurar buscar criar a compreensão do lido; daí, entre outros pontos fundamentais, a importância do ensino correto da leitura e da escrita. É que ensinar a ler é engajar-se numa experiência criativa em torno da compreensão. Da compreensão e da comunicação.


E a experiência da compreensão será tão mais profunda quanto sejamos nela capazes de associar, jamais dicotomizar, os conceitos emergentes da experiência escolar aos que resultam do mundo da cotidianidade. Um exercício crítico sempre exigido pela leitura e necessariamente pela escuta é o de como nos darmos facilmente à passagem da experiência sensorial que caracteriza a cotidianidade à generalização que se opera na linguagem escolar e desta ao concreto tangível. Uma das formas de realizarmos este exercício consiste na prática que me venho referindo como "leitura da leitura anterior do mundo", entendendo-se aqui como "leitura do mundo" a "leitura" que precede a leitura da palavra e que perseguindo igualmente a compreensão do objeto se faz no domínio da cotidianidade. A leitura da palavra, fazendo-se também em busca da compreensão do texto e, portanto, dos objetos nele referidos, nos remete agora à leitura anterior do mundo. O que me parece fundamental deixar claro é que a leitura do mundo que é feita a partir da experiência sensorial não basta. Mas, por outro lado, não pode ser desprezada como inferior pela leitura feita a partir do mundo abstrato dos conceitos que vai da generalização ao tangível.


Certa vez, uma alfabetizanda nordestina discutia, em seu círculo de cultura, uma codificação (1) que representava um homem que, trabalhando o barro, criava com as mãos, um jarro. Discutia-se, através da "leitura" de uma série de codificações que, no fundo, são representações da realidade concreta, o que é cultura. O conceito de cultura já havia sido apreendido pelo grupo através do esforço da compreensão que caracteriza a leitura do mundo e/ou da palavra. Na sua experiência anterior, cuja memória ela guardava no seu corpo, sua compreensão do processo em que o homem, trabalhando o barro, criava o jarro, compreensão gestada sensorialmente, lhe dizia que fazer o jarro era uma forma de trabalho com que, concretamente, se sustentava. Assim como o jarro era apenas o objeto, produto do trabalho que, vendido, viabilizava sua vida e a de sua família.


Agora, ultrapassando a experiência sensorial, indo mais além dela, dava um passo fundamental: alcançava a capacidade de generalizar que caracteriza a "experiência escolar". Criar o jarro como o trabalho transformador sobre o barro não era apenas a forma de sobreviver, mas também de fazer cultura, de fazer arte. Foi por isso que, relendo sua leitura anterior do mundo e dos que-fazeres no mundo, aquela alfabetizanda nordestina disse segura e orgulhosa: "Faço cultura. Faço isto".


Noutra ocasião presenciei experiência semelhante do ponto de vista da inteligência do comportamento das pessoas. Já me referi a este fato em outro trabalho mas não faz mal que o retome agora. Me achava na Ilha de São Tomé, na África Ocidental, no Golfo da Guiné. Participava com educadores e educadoras nacionais, do primeiro curso de formação para alfabetizadores.


Havia sido escolhido pela equipe nacional um pequeno povoado, Porto Mont, região de pesca, para ser o centro das atividades de formação. Havia sugerido aos nacionais que a formação dos educadores e educadoras se fizesse não seguindo certos métodos tradicionais que separam prática de teoria. Nem tampouco através de nenhuma forma de trabalho essencialmente dicotomizante de teoria e prática e que ou menospreza a teoria, negando-lhe qualquer importância, enfatizando exclusivamente a prática, a única a valer, ou negando a prática fixando-se só na teoria. Pelo contrário, minha intenção era que, desde o começo do curso, vivêssemos a relação contraditória entre prática e teoria, que será objeto de análise de uma de minhas cartas.


Recusava, por isso mesmo, uma forma de trabalho em que fossem reservados os primeiros momentos do curso para exposições ditas teóricas sobre matéria fundamental de formação dos futuros educadores e educadoras. Momento para discursos de algumas pessoas, as consideradas mais capazes para falar aos outros.


Minha convicção era outra. Pensava numa forma de trabalho em que, numa única manhã, se falasse de alguns conceitos-chave — codificação, decodificação, por exemplo — como se estivéssemos num tempo de apresentações, sem, contudo, nem de longe imaginar que as apresentações de certos conceitos fossem já suficientes para o domínio da compreensão em torno deles. A discussão crítica sobre a prática em que se engajariam é o que o faria.


Assim, a idéia básica, aceita e posta em prática, é que os jovens que se preparariam para a tarefa de educadoras e educadores populares deveriam coordenar a discussão em torno de codificações num círculo de cultura com 25 participantes. Os participantes do círculo de cultura estavam cientes de que se tratava de um trabalho de afirmação de educadores. Discutiu-se com eles antes sua tarefa política de nos ajudar no esforço de formação, sabendo que iam trabalhar com jovens em pleno processo de sua formação. Sabiam que eles, assim como os jovens a serem formados, jamais tinham feito o que iam fazer. A única diferença que os marcava é que os participantes liam apenas o mundo enquanto os jovens a serem formados para a tarefa de educadores liam já a palavra também. Jamais, contudo, haviam discutido uma codificação assim como jamais haviam tido a mais mínima experiência alfabetizando alguém.


Em cada tarde do curso com duas horas de trabalho com os 25 participantes, quatro candidatos assumiam a direção dos debates. Os responsáveis pelo curso assistiam em silêncio, sem interferir, fazendo suas notas. No dia seguinte, no seminário de avaliação de formação, de quatro horas, se discutiam os equívocos, os erros e os acertos dos candidatos, na presença do grupo inteiro, desocultando-se com eles a teoria que se achava na sua prática.


Dificilmente se repetiam os erros e os equívocos que haviam sido cometidos e analisados. A teoria emergia molhada da prática vivida.


Foi exatamente numa das tardes de formação que, durante a discussão de uma codificação que retratava Porto Mont, com suas casinhas alinhadas à margem da praia, em frente ao mar, com um pescador que deixava seu barco com um peixe na mão, que dois dos participantes, como se houvessem combinado, se levantaram, andaram até a janela da escola em que estávamos e olhando Porto Mont lá longe, disseram, de frente novamente para a codificação que representava o povoado: "É. Porto Mont é assim e não sabíamos".


Até então, sua "leitura" do lugarejo, de seu mundo particular, uma "leitura" feita demasiadamente próxima do "texto", que era o contexto do povoado, não lhes havia permitido ver Porto Mont como ele era. Havia uma certa "opacidade" que cobria e encobria Porto Mont. A experiência que estavam fazendo de "tomar distância" do objeto, no caso, da codificação de Porto Mont, lhes possibilitava uma nova leitura mais fiel ao "texto", quer dizer, ao contexto de Porto Mont. A "tomada de distância" que a "leitura" da codificação lhes possibilitou os aproximou mais de Porto Mont como "texto" sendo lido. Esta nova leitura refez a leitura anterior, daí que hajam dito: "É. Porto Mont é assim e não sabíamos". Imersos na realidade de seu pequeno mundo, não eram capazes de vê-la. "Tomando distância" dela, emergiram e, assim, a viram como até então jamais a tinham visto.


Estudar é desocultar, é ganhar a compreensão mais exata do objeto, é perceber suas relações com outros objetos. Implica que o estudioso, sujeito do estudo, se arrisque, se aventure, sem o que não cria nem recria.


Por isso também é que ensinar não pode ser um puro processo, como tanto tenho dito, de transferência de conhecimento do ensinante ao aprendiz. Transferência mecânica de que resulte a memorização maquinal que já critiquei. Ao estudo crítico corresponde um ensino igualmente crítico que demanda necessariamente uma forma crítica de compreender e de realizar a leitura da palavra e a leitura do mundo, leitura do contexto.


A forma crítica de compreender e de realizar a leitura da palavra e a leitura do mundo está, de um lado, na não negação da linguagem simples, "desarmada", ingênua, na sua não desvalorização por constituir-se de conceitos criados na cotidianidade, no mundo da experiência sensorial; de outro, na recusa ao que se chama de "linguagem difícil", impossível, porque desenvolvendo-se em torno de conceitos abstratos. Pelo contrário, a forma crítica de compreender e de realizar a leitura do texto e a do contexto não exclui nenhuma da duas formas de linguagem ou de sintaxe. Reconhece, todavia, que o escritor que usa a linguagem científica, acadêmica, ao dever procurar tornar-se acessível, menos fechado, mais claro, menos difícil, mais simples, não pode ser simplista.


Ninguém que lê, que estuda, tem o direito de abandonar a leitura de um texto como difícil porque não entendeu o que significa, por exemplo, a palavra epistemologia.


Assim como um pedreiro não pode prescindir de um conjunto de instrumentos de trabalho, sem os quais não levanta as paredes da casa que está sendo construída, assim também o leitor estudioso precisa de instrumentos fundamentais, sem os quais não pode ler ou escrever com eficácia. Dicionários (2), entre eles o etimológico, o de regimes de verbos, o de regimes de substantivos e adjetivos, o filosófico, o de sinônimos e de antônimos, enciclopédias. A leitura comparativa de texto, de outro autor que trate o mesmo tema cuja linguagem seja menos complexa.


Usar esses instrumentos de trabalho não é, como às vezes se pensa, uma perda de tempo. O tempo que eu uso quando leio ou escrevo ou escrevo e leio, na consulta de dicionários e enciclopédias, na leitura de capítulos, ou trechos de livros que podem me ajudar na análise mais crítica de um tema — é tempo fundamental de meu trabalho, de meu ofício gostoso de ler ou de escrever.


Enquanto leitores, não temos o direito de esperar, muito menos de exigir, que os escritores façam sua tarefa, a de escrever, e quase a nossa, a de compreender o escrito, explicando a cada passo, no texto ou numa nota ao pé da página, o que quiseram dizer com isto ou aquilo. Seu dever, como escritores, é escrever simples, escrever leve, é facilitar e não dificultar a compreensão do leitor, mas não dar a ele as coisas feitas e prontas.


A compreensão do que se está lendo, estudando, não estala assim, de repente, como se fosse um milagre. A compreensão é trabalhada, é forjada, por quem lê, por quem estuda que, sendo sujeito dela, se deve instrumentar para melhor fazê-la. Por isso mesmo, ler, estudar, é um trabalho paciente, desafiador, persistente.


Não é tarefa para gente demasiado apressada ou pouco humilde que, em lugar de assumir suas deficiências, as transfere para o autor ou autora do livro, considerado como impossível de ser estudado.


É preciso deixar claro, também, que há uma relação necessária entre o nível do conteúdo do livro e o nível da atual formação do leitor. Estes níveis envolvem a experiência intelectual do autor e do leitor. A compreensão do que se lê tem que ver com essa relação. Quando a distância entre aqueles níveis é demasiado grande, quanto um não tem nada que ver com o outro, todo esforço em busca da compreensão é inútil. Não está havendo, neste caso, uma consonância entre o indispensável tratamento dos temas pelo autor do livro e a capacidade de apreensão por parte do leitor da linguagem necessária àquele tratamento. Por isso mesmo é que estudar é uma preparação para conhecer, é um exercício paciente e impaciente de quem, não pretendendo tudo de uma vez, luta para fazer a vez de conhecer.


A questão do uso necessário de instrumentos indispensáveis à nossa leitura e ao nosso trabalho de escrever levanta o problema do poder aquisitivo do estudante e das professoras e professores em face dos custos elevados para obter dicionários básicos da língua, dicionários filosóficos etc. Poder consultar todo esse material é um direito que têm alunos e professores a que corresponde o dever das escolas de fazer-lhes possível a consulta, equipando ou criando suas bibliotecas, com horários realistas de estudo. Reivindicar esse material é um direito e um dever de professores e estudantes.


Gostaria de voltar a algo a que fiz referência anteriormente: a relação entre ler e escrever, entendidos como processos que não se podem separar. Como processos que se devem organizar de tal modo que ler e escrever sejam percebidos como necessários para algo, como sendo alguma coisa de que a criança, como salientou Vygotsky (3), necessita e nós também.


Em primeiro lugar, a oralidade precede a grafia mas a traz em si desde o primeiro momento em que os seres humanos se tornaram socialmente capazes de ir exprimindo-se através de símbolos que diziam algo de seus sonhos, de seus medos, de sua experiência social, de suas esperanças, de suas práticas.


Quando aprendemos a ler, o fazemos sobre a escrita de alguém que antes aprendeu a ler e a escrever. Ao aprender a ler, nos preparamos para imediatamente escrever a fala que socialmente construímos.


Nas culturas letradas, sem ler e sem escrever, não se pode estudar, buscar conhecer, apreender a substantividade do objeto, reconhecer criticamente a razão de ser do objeto.


Um dos equívocos que cometemos está em dicotomizar ler de escrever, desde o começo da experiência em que as crianças ensaiam seus primeiros passos na prática da leitura e da escrita, tomando esses processos como algo desligado do processo geral de conhecer. Essa dicotomia entre ler e escrever nos acompanha sempre, como estudantes e professores. "Tenho uma dificuldade enorme de fazer minha dissertação. Não sei escrever", é a afirmação comum que se ouve nos cursos de pós-graduação de que tenho participado. No fundo, isso lamentavelmente revela o quanto nos achamos longe de uma compreensão crítica do que é estudar e do que é ensinar.


É preciso que nosso corpo, que socialmente vai se tornando atuante, consciente, falante, leitor e "escritor" se aproprie criticamente de sua forma de vir sendo que faz parte de sua natureza, histórica e socialmente constituindo-se. Quer dizer, é necessário que não apenas nos demos conta de como estamos sendo mas nos assumamos plenamente com estes "seres programados, mas para aprender", de que nos fala François Jacob (4). É necessário, então, que aprendamos a aprender, vale dizer, que entre outras coisas, demos à linguagem oral e escrita, a seu uso, a importância que lhe vem sendo cientificamente reconhecida.


Aos que estudamos, aos que ensinamos e, por isso, estudamos também, se nos impõe, ao lado da necessária leitura de textos, a redação de notas, de fichas de leitura, a redação de pequenos textos sobre as leituras que fazemos. A leitura de bons escritores, de bons romancistas, de bons poetas, dos cientistas, dos filósofos que não temem trabalhar sua linguagem a procura da boniteza, da simplicidade e da clareza (5).


Se nossas escolas, desde a mais tenra idade de seus alunos se entregassem ao trabalho de estimular neles o gosto da leitura e o da escrita, gosto que continuasse a ser estimulado durante todo o tempo de sua escolaridade, haveria possivelmente um número bastante menor de pós-graduandos falando de sua insegurança ou de sua incapacidade de escrever.


Se estudar, para nós, não fosse quase sempre um fardo, se ler não fosse uma obrigação amarga a cumprir, se, pelo contrário, estudar e ler fossem fontes de alegria e de prazer, de que resulta também o indispensável conhecimento com que nos movemos melhor no mundo, teríamos índices melhor reveladores da qualidade de nossa educação.


Este é um esforço que deve começar na pré-escola, intensificar-se no período da alfabetização e continuar sem jamais parar.


A leitura de Piaget, de Vygotsky, de Emilia Ferreiro, de Madalena F. Weffort, entre outros, assim como a leitura de especialistas que tratam não propriamente da alfabetização mas do processo de leitura como Marisa Lajolo e Ezequiel T. da Silva é de indiscutível importância.


Pensando na relação de intimidade entre pensar, ler e escrever e na necessidade que temos de viver intensamente essa relação, sugeriria a quem pretenda rigorosamente experimentá-la que, pelo menos, três vezes por semana, se entregasse à tarefa de escrever algo. Uma nota sobre uma leitura, um comentário em torno de um acontecimento de que tomou conhecimento pela imprensa, pela televisão, não importa. Uma carta para destinatário inexistente. É interessante datar os pequenos textos e guardá-los e dois ou três meses depois submetê-los a uma avaliação crítica.


Ninguém escreve se não escrever, assim como ninguém nada se não nadar.


Ao deixar claro que o uso da linguagem escrita, portanto o da leitura, está em relação com o desenvolvimento das condições materiais da sociedade, estou sublimando que minha posição não é idealista.


Recusando qualquer interpretação mecanicista da História, recuso igualmente a idealista. A primeira reduz a consciência à pura cópia das estruturas materiais da sociedade; a segunda submete tudo ao todo poderosismo da consciência. Minha posição é outra. Entendo que estas relações entre consciência e mundo são dialéticas (6).


O que não é correto, porém, é esperar que as transformações materiais se processem para que depois comecemos a encarar corretamente o problema da leitura e da escrita.


A leitura crítica dos textos e do mundo tem que ver com a sua mudança em processo.


Notas


1 Sobre codificação, leitura do mundo-leitura da palavra-senso comum-conhecimento exato, aprender, ensinar, veja-se: Freire, Paulo: Educação como prática da liberdade — Educação e mudança — Ação cultural para a liberdade — Pedagogia do oprimido — Pedagogia da esperança, Paz e Terra; Freire & Sérgio Guimarães, Sobre educação, Paz e Terra; Freire & Ira Schor, Medo e ousadia, o cotidiano do educador, Paz e Terra; Freire & Donaldo Macedo, Alfabetização, leitura do mundo e leitura da palavra, Paz e Terra; Freire, Paulo, A importância do ato de ler, Cortez. Freire & Márcio Campos; Leitura do mundo — Leitura da palavra, Courrier de L'Unesco, fev. 1991.


2 Ver Freire, Paulo. Pedagogia da esperança — um reencontro com a Pedagogia do oprimido, Paz e Terra, 1992.


3 Vygotsky and education. Instructional implications and applications of sociohistorical psychology. Luis C. Moll (ed.), Cambridge University Press, First paper back edition, 1992.


4 François Jacob, Nous sommes programmés mais pour aprendre. Le Courrier de L'Unesco, Paris, fev. 1991.


5 Ver Freire, Paulo, Pedagogia da esperança, Paz e Terra, 1992.


6 Id., ibid.


Esta carta foi retirada do livro Professora sim, tia não. Cartas a quem ousa ensinar (Editora Olho D'Água, 10ª ed., p. 27-38) no qual Paulo Freire dialoga sobre questões da construção de uma escola democrática e popular. Escreve especialmente aos professores, convocando-os ao engajamento nesta mesma luta. Este livro foi escrito durante dois meses do ano de 1993, pouco tempo depois de sua experiência na condução da Secretaria de Educação de São Paulo.


Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142001000200013  



sexta-feira, 12 de março de 2010

Paulo Freire: pequena biografia

Amigos postei um vídeo muito interessante sobre Paulo Freire, vale apena assistir, poderão fazer o download no endereço abaixo:

http://www.megaupload.com/?d=VXRBELZY

 
Paulo Reglus Neves Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife, Pernambuco, uma das regiões mais pobres do país, onde logo cedo pôde experimentar as dificuldades de sobrevivência das classes populares. Trabalhou inicialmente no SESI (Serviço Social da Indústria) e no Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife. Ele foi quase tudo o que deve ser como educador, de professor de escola a criador de idéias e "métodos".


Sua filosofia educacional expressou-se primeiramente em 1958 na sua tese de concurso para a universidade do Recife, e, mais tarde, como professor de História e Filosofia da Educação daquela Universidade, bem como em suas primeiras experiências de alfabetização como a de Angicos, Rio Grande do Norte, em 1963.


A coragem de pôr em prática um autêntico trabalho de educação que identifica a alfabetização com um processo de conscientização, capacitando o oprimido tanto para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita quanto para a sua libertação fez dele um dos primeiros brasileiros a serem exilados.


Em 1969, trabalhou como professor na Universidade de Harvard, em estreita colaboração com numerosos grupos engajados em novas experiências educacionais tanto em zonas rurais quanto urbanas. Durante os 10 anos seguintes, foi Consultor Especial do Departamento de Educação do Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra (Suíça). Nesse período, deu consultoria educacional junto a vários governos do Terceiro Mundo, principalmente na África. Em 1980, depois de 16 anos de exílio,retornou ao Brasil para "reaprender" seu país. Lecionou na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP).


Em 1989, tornou-se Secretário de Educação no Município de São Paulo, maior cidade do Brasil. Durante seu mandato, fez um grande esforço na implementação de movimentos de alfabetização, de revisão curricular e empenhou-se na recuperação salarial dos professores.


A metodologia por ele desenvolvida foi muito utilizada no Brasil em campanhas de alfabetização e, por isso, ele foi acusado de subverter a ordem instituída, sendo preso após o Golpe Militar de 1964. Depois de 72 dias de reclusão, foi convencido a deixar o país. Exilou-se primeiro no Chile, onde, encontrando um clima social e político favorável ao desenvolvimento de suas teses, desenvolveu, durante 5 anos, trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária (ICIRA). Foi aí que escreveu a sua principal obra: Pedagogia do oprimido.


Em Paulo Freire, conviveram sempre presente senso de humor e a não menos constante indignação contra todo tipo de injustiça. Casou-se, em 1944, com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira, com quem teve cinco filhos. Após a morte de sua primeira esposa, casou-se com Ana Maria Araújo Freire, uma ex-aluna.


Paulo Freire é autor de muitas obras. Entre elas: Educação: prática da liberdade (1967), Pedagogia do oprimido (1968), Cartas à GuinéBissau (1975), Pedagogia da esperança (1992) À sombra desta mangueira (1995).


Foi reconhecido mundialmente pela sua práxis educativa através de numerosas homenagens. Além de ter seu nome adotado por muitas instituições, é cidadão honorário de várias cidades no Brasil e no exterior. À Paulo Freire foi outorgado o título de doutor Honoris Causa por vinte e sete universidades.


Por seus trabalhos na área educacional, recebeu, entre outros, os seguintes prêmios: "Prêmio Rei Balduíno para o Desenvolvimento" (Bélgica, 1980); "Prêmio UNESCO da Educação para a Paz" (1986) e "Prêmio Andres Bello" da Organização dos Estados Americanos, como Educador do Continentes (1992). No dia 10 de abril de 1997, lançou seu último livro, intitulado "Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa". Paulo Freire faleceu no dia 2 de maio de 1997 em São Paulo.


Fonte: Localização (versão impressa): Centro de Referência Paulo Freire (Instituto Paulo Freire)


Localização (versão digital): http://www.paulofreire.org/Crpf/CrpfAcervo000031

quinta-feira, 11 de março de 2010

"É preciso cultivar o respeito no ambiente escolar"

Maria Helena Guimarães: "É preciso cultivar o respeito no ambiente escolar"



Para a educadora e cientista social, normas e rituais melhoram a relação com a comunidade e podem ajudar a recuperar o valor institucional da escola


Rever o projeto pedagógico, buscar novas tecnologias educacionais, valorizar o professor. Tudo isso é fundamental para que a escola pública volte a ser uma instituição valorizada pela sociedade. Porém, para a cientista social Maria Helena Guimarães de Castro, ex-secretária de Educação do Estado de São Paulo e do Distrito Federal, falta acrescentar um item a essa lista: o resgate de normas e rituais capazes de organizar a vida escolar e restabelecer o vínculo da instituição com a comunidade. Aos procedimentos que vão ajudar nessa revitalização da instituição de ensino - e podem, inclusive, influenciar a construção ou a consolidação da identidade da escola -, Maria Helena chama de etiqueta, fazendo uma referência ao conjunto de regras de conduta e de tratamento que é seguido em ocasiões formais e que revelam, sobretudo, o respeito às pessoas envolvidas.


Aos 62 anos, casada, três filhos e quatro netos, Maria Helena hoje presta consultoria para órgãos públicos e instituições privadas, além de atuar como pesquisadora do Núcleo de Políticas Públicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior paulista. Ela falou a NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR sobre como o resgate dessa etiqueta pode favorecer o ambiente de civilidade e contribuir para melhorar os resultados alcançados nas avaliações externas.
Enquanto esteve na Secretaria de Educação de São Paulo, houve um momento em que a senhora afirmou ter percebido que a escola havia perdido a etiqueta? O que isso significa?


MARIA HELENA GUIMARÃES A escola pública passou por um processo gradual de desvalorização perante a sociedade, o que se reflete, inclusive, em situações de agressividade entre professores e alunos. Para recuperar a importância, a escola precisa se apresentar como uma instituição essencial no desenvolvimento de ações para a construção de uma sociedade melhor e mais justa. Nesse sentido, considero crucial resgatar rituais, que nada mais são do que uma sequência de atos simbólicos importantes para marcar a instituição - e é isso que estou chamando de etiqueta. Acredito que é necessário criar e usar normas de convivência que sejam conhecidas e respeitadas por funcionários, alunos e pais. Afinal, a existência de boas leis e de respeito às regras do jogo faz parte da democracia.


É possível citar alguns exemplos de bons rituais escolares?


MARIA HELENA São atitudes aparentemente rotineiras, mas de extrema importância para o ambiente escolar. Algumas delas são realmente bem simples. Por exemplo, quando, no início do ano letivo, o diretor prepara a recepção aos professores, abre as atividades com um discurso e estabelece uma interação com a equipe. Com isso, os docentes começam a sentir a boa integração do grupo e a maneira como o projeto pedagógico é compartilhado e ver que existe mediação entre todos. Também é um resgate do ritual escolar comemorar os momentos de formatura das turmas e organizar cerimônias em homenagem aos professores que se aposentam ou se destacaram em algum projeto. Com isso, não quero dizer que o gestor tem de ser centralizador. Ao contrário, eu insisto no caráter participativo da atuação, que ajuda a criar um bom ambiente de trabalho. Afinal, todas as pesquisas de avaliação no Brasil e no exterior e o próprio Programa Internacional de Avaliação de Alunos - o Pisa - mostram que o clima da escola conta muito na aprendizagem.


E com relação aos alunos, como seriam esses rituais?


MARIA HELENA Organizar também uma recepção para eles no primeiro dia de aula certamente é um bom começo. Hoje, muitas instituições simplesmente abrem as portas e indicam à criança ou ao jovem a sala em que vai estudar. Às vezes, o aluno se apresenta apenas ao professor e só depois de muito tempo ele vai conhecer o diretor, quando cruza com ele eventualmente pelos corredores. Na verdade, os gestores deveriam conhecer todos os alunos e suas famílias, saber seus nomes e incentivar os professores e funcionários a fazer o mesmo.


Em que momento esses rituais se perderam no cotidiano escolar?


MARIA HELENA A escola sofreu um processo de desorganização com a expansão acelerada do ensino, especialmente nos últimos 15 ou 20 anos. As Secretarias de Educação em todo o país foram obrigadas a fazer concursos e ampliar o número de unidades com muita rapidez. Infelizmente, não houve tempo para refletir sobre as características institucionais das escolas, sobre o preparo e a formação que se esperava dos profissionais contratados. Esse quadro provocou uma desordem interna, que foi agravada pela crise de valores - um problema que, aliás, é da sociedade como um todo e não apenas da escola. Houve também a reforma da Previdência, em 1996, que resultou na aposentadoria de milhares de bons docentes, temerosos de perder direitos. Com isso, foram desfeitas equipes que eram unidas, permanentes e vinculadas à comunidade. Temos, agora, de trabalhar para reconstruir esses laços.


Como recuperar essa relação?


MARIA HELENA Além de melhorar os programas pedagógicos e investir em novas tecnologias educacionais, é preciso cultivar o respeito institucional perante a comunidade. No passado, o sistema tradicional atendia uma elite e tinha seus rituais, que garantiam o respeito da sociedade pela instituição escolar. A escola de hoje, que é formatada para receber a todos, também precisa deles.




Como a interação entre a escola e a comunidade se reflete na qualidade da Educação oferecida?


MARIA HELENA A coesão social e a Educação, tema bastante discutido no início dos anos 1990, foi retomado por Robert Putnam, professor da Universidade Harvard, em uma reunião de ministros da Educação de países integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em Dublin, na Irlanda, em 2004. Putnam mostrou pesquisas sobre a relação entre os resultados do Pisa e de outras avaliações externas com graus elevados de coesão social e respeito à escola. É esse ponto que quero destacar ao me referir à etiqueta da escola. Não se trata de uma visão tradicionalista sobre a relação entre alunos e professores. O mesmo tema foi abordado no livro L’École ou la Guerre Civile, do professor universitário Philippe Meirieu e do jornalista Marc Guiraud, publicado em 1997, na França. A obra defende a necessidade de um novo contrato social. Para salvar a escola como instituição, os autores afirmam que é preciso voltar à questão dos valores e das regras a ser respeitadas, além de retomar a identidade do professor - que foi ameaçada, causando a perda da convicção sobre a importância desse profissional.


Esse resgate ajudaria a melhorar a indisciplina nas escolas?


MARIA HELENA Todos os depoimentos sobre violência batem nas mesmas teclas: "Chutei a cadeira porque o professor me desrespeitou", dizem os alunos. "Discuti com o aluno porque ele não presta atenção", reclamam os docentes. A escola não pode reproduzir situações que ocorrem em muitos lares e na sociedade em geral. Ela tem de criar mecanismos que garantam um clima interno de civilidade - até para servir como uma nova referência para seu público. Não há a possibilidade de um ambiente educativo funcionar bem se o aluno não tem consideração pelo professor e pela direção. O perfil de liderança do bom gestor é fortalecido quando ele constrói regras para garantir a boa convivência entre as partes.




Existem programas em redes públicas que incentivem a boa gestão?


MARIA HELENA No processo de avaliação de Minas Gerais, por exemplo, entram os indicadores de desempenho, de fluxo escolar e também os de qualidade da gestão. O estado tem um sistema misto de escolha do diretor. Faz-se uma prova, os selecionados recebem capacitação, apresentam um plano de trabalho e são eleitos pela comunidade escolar. O mandato pode ser renovado. Porém a cada três anos avalia-se a qualidade da gestão. Quando fui secretária de Educação do Distrito Federal, propus um modelo inspirado no de Minas. Até o momento da eleição, o processo é igual. Uma vez eleito, entretanto, o diretor assina um contrato e um termo de parceria com a Secretaria da Educação e a comunidade, representada por pais e professores. Se não cumprir o plano que apresentou, após três anos ele deixa a direção e volta para a sala de aula. Quem passa por esse processo assume um compromisso mais forte com a escola para transformá-la na melhor instituição possível.


De que forma os pais podem participar desse processo?


MARIA HELENA Para resgatar valores, é crucial organizar uma escola de pais, a maneira como ficou conhecido o espaço criado em algumas instituições para a discussão permanente entre a família e a equipe gestora. Nele, os pais são convidados a conhecer a escola e debater os principais problemas internos, as avaliações externas e o projeto pedagógico. Reunir os familiares com frequência ajuda a ampliar o universo cultural da família por meio de oportunidades de aprendizado. Exemplos: eles podem assistir a um filme ou a uma peça de teatro e depois discutir com os educadores ou ouvir uma palestra sobre sexo na adolescência, drogas e outros temas de interesse geral. Esses eventos são comuns nas boas escolas públicas e privadas, mas muitas vezes faltam onde são mais necessários: na periferia das grandes cidades, que enfrentam situações de extrema carência e onde alunos e professores estão mais expostos a situações externas de risco.


Existem exemplos de escolas de pais bem-sucedidas que tenham alcançado resultados concretos?


MARIA HELENA Há um ótimo exemplo na cidade de Nova York. O bairro do Harlem tinha os piores resultados educacionais e os mais altos índices de violência. Tanto o número de homicídios quanto o de uso de drogas despencaram após o início do trabalho da escola de pais em várias instituições de ensino, pois essa iniciativa aumentou a interação com a comunidade.


De quem deve ser a iniciativa de recuperar a etiqueta escolar?


MARIA HELENA Há 200 mil escolas públicas no Brasil. Não dá para imaginar que o Ministério da Educação sozinho, ou mesmo uma Secretaria de Educação, tenha condições de assumir esse papel por todas elas. Mas acredito que, partindo da supervisão do sistema, é possível orientar a construção de um processo de resgate de procedimentos que vão formar a etiqueta da escola e reforçar os laços de solidariedade e respeito entre gestores, professores, pais e alunos. Isso é importante para que a instituição enxergue os estudantes como alvo principal de seus objetivos e a comunidade perceba que a escola constitui o maior bem de uma política pública porque formará a próxima geração de cidadãos bem preparados.


Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/maria-helena-guimaraes-preciso-cultivar-respeito-ambiente-escolar-539210.shtml